Uma das boas notícias para o vinho em Portugal nos últimos anos foi a chegada à produção e à comercialização de uma nova estirpe de investidores vindos de outras áreas da economia.
O fenómeno beneficiou praticamente todas as regiões do país, mas talvez o mundo novo do Alentejo tenha sido o mais procurado. Em muitos casos, bem se sabe, a inexperiência, alguma megalomania e a ânsia de lucros fáceis deram maus resultados.
Em outros, como aconteceu na Herdade São Miguel, a sensatez, a solidez financeira, a qualidade da gestão e a procura de projectos consistentes para vingar a prazo produziram casos de sucesso, que é como quem diz, bons vinhos.
Alexandre Relvas é um rosto conhecido do universo empresarial português e da política. A sua aposta no Alentejo começou em 1995, com a compra da Herdade São Miguel, que hoje abrange 175 hectares, dos quais 35 são vinha.
Mais recentemente, a sua actividade estendeu-se à Herdade da Pimenta. Em ambas investiu na plantação de vinhas, na construção de adegas e na criação de equipas capazes de cuidar do campo e de tratar do lado comercial.
O seu vinho de combate, o Herdade São Miguel, cumpre com a vindima de 2013 a sua 10ª edição. De há uns anos para cá, a sua qualidade foi-se aprimorando ao ritmo da evolução das vinhas e hoje é um caso sério.
Não há muitos vinhos abaixo dos cinco euros capazes de o defrontar em personalidade e em sofisticação. Ainda marcado pela juventude, na edição de 2013 é todo ele impressivo e intenso. No aroma, de fruta madura, espargo e especiaria, ou na boca, onde impõe volume e taninos com garra.
Mas é no final da prova que este vinho melhor se define, com um toque amargo, associado à Cabernet Sauvignon, que lhe concede frescura e uma nota de pimenta que lhe dá complexidade. É um alentejano consistente, com carácter. Uma excelente escolha para esta gama de preços.