É uma composição aparentemente inusitada, tratando-se de um vinho da Beira Interior. A Quinta da Caldeirinha fica em Almofala, aldeia do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Almofala situa-se na margem esquerda do rio Águeda, já muito próximo de Barca de Alva, onde começa o Douro vinhateiro.
A presença de Alicante Bouschet na vinha velha em causa confirma o que sempre se soube: que esta casta, associada ao Alentejo, já é muita antiga no Douro e nas regiões vizinhas.
Quem olhar para o vinho nunca pensará em Alicante Bouschet. As uvas desta variedade dão vinhos de cor carregada e o Quinta da Caldeirinha Vinha Velha 2009 possui uma cor aberta (típica do Mourisco e do Rufete, que no Dão leva o nome de Tinta Pinheira). É um tinto fino e elegante, que nos remete de imediato para os vinhos da Borgonha, embora não tenha a riqueza de um bom Pinot Noir.
O que impera neste vinho com poucas surpresas sensoriais é a fruta vermelha. Já tem cinco anos e ainda não apresenta grandes aromas de evolução na garrafa. É um tinto dos antigos, abertos de cor, leves, frutados e frescos. Não tem perfil (exuberância, estrutura) para entrar em provas cegas.
Nem tão-pouco mostra músculo para poder durar muitos anos. Mas agora, à mesa, é agradabilíssimo, porque está nos antípodas dos vinhos concentrados e espessos que mais impressionam os críticos e que já cansam. Sendo um vinho à moda antiga, feito a partir de vinhas velhas, acaba por ser um vinho moderno, porque se enquadra nas novas tendências de consumo.