O duriense Pintas, que obteve 98 pontos da revista americana Wine Spectator com a colheita de 2011, custa cerca de 90 euros nas garrafeiras. O seu novo “irmão”, o Quinta da Manoella Vinhas Velhas, custa 60 euros. A diferença entre os dois é o preço de muitos vinhos extraordinários, portugueses e não só. E é uma diferença que para a colheita de 2012, quanto a nós, não se justifica, a não ser pela maior notoriedade do Pintas.
São ambos provenientes de vinhas bastantes velhas (com inúmeras castas misturadas) situadas no vale do rio Pinhão e vinificados de forma tradicional com recurso a pisa a pé em lagar. Provámo-los em conjunto com diferentes assados de carne maronesa. O primeiro impacto foi imediatamente favorável ao Quinta da Manoella, pela sua maior expressão aromática. Com o decorrer da refeição, o Pintas foi recuperando e mostrando um enorme virtuosismo, associando opulência, complexidade e elegância. Mas, andando de um vinho para o outro, avaliando as suas subtilezas e metamorfoses, acabávamos sempre a destacar um plus do Quinta da Manoella, visível, sobretudo, no final de boca. Enquanto o Pintas prima pela verticalidade, o Quinta da Manoella parece crescer no final, revelando uma maior espessura, enchendo e marcando mais o palato.
Ao nível da excelência já só falamos em detalhes. Olhados sob que prisma for, são ambos dois grandes vinhos. Perfumadíssimos, são tintos muito ricos, de grande precisão e harmonia. Potentes e quase mastigáveis, são ao mesmo tempo delicados e elegantes, voluptuosos e vigorosos. E estamos a falar de vinhos com apenas dois anos, ainda demasiado novos para mostrarem todo o seu potencial. Daqui a alguns anos, é possível que o Pintas venha a mostrar por que razão tem o prestígio que tem. Mas, por agora, era o Quinta da Manoela Vinhas Velhas que elegíamos para um jantar especial ou para mostrar a um estrangeiro o que é um grande vinho do Douro.