A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, da família Amorim, tornou-se numa referência do enoturismo no Douro. Nos últimos anos, não tem parado de acumular prémios nacionais e internacionais. Nos vinhos, embora também seja já uma marca com grande notoriedade, ainda não atingiu o prestígio de outros produtores durienses.
Uma certa instabilidade na equipa enológica e alguma indefinição no perfil dos vinhos têm prejudicado a sua afirmação. Em geral, os vinhos são bons ou, em alguns casos, muito bons. Mas os topos de gama têm padecido de um problema que os impede de atingirem a excelência: excesso de álcool. O branco Mirabilis Grande Reserva 2013 é um bom exemplo disso (ver prova ao lado).
Com a enologia agora a cargo de Jorge Alves, enólogo de grande talento e que, em 2014, esteve a um passo de tornar-se no primeiro master of wine português (falhou a última prova, mas vai lá chegar), os vinhos da Quinta Nova têm tudo para entrar no rumo certo e alcançar o topo. Os tintos da colheita de 2012 — que foi mais fresca do que a de 2011 — são o caminho a seguir, em especial o Quinta Nova Grande Reserva Clássico.
Com 14% de álcool, menos 1,5 graus do que alguns vinhos anteriores, é um tinto magnífico, de aroma encantador e povoado de sugestões frutadas, químicas e especiadas. Poderoso sem ser um monstro de concentração, revela um frescor e um vigor tânicos admiráveis. Mexe com a nossa boca e com os nossos sentidos, permanece, deixa marca.
Não tem os mesmos taninos de veludo do Quinta Nova Grande Reserva Referência (o vinho de boutique da quinta), nem é tão elegante, mas é exactamente por não ser muito perfeitinho, com tudo no sítio, que nos prende.
Um grande vinho tem que ter alguma aresta, raça, nervo e, acima de tudo, frescura e equilíbrio. E é tudo isto que se encontra neste Quinta Nova Grande Reserva.