A Lavradores de Feitoria decidiu lançar no mercado nacional e internacional mil garrafas do seu Três Bagos Grande Escolha de 2005, apondo-lhe como subtítulo a designação “Estágio Prolongado”.
A iniciativa é uma jogada contra a corrente e tem um mérito indiscutível: o de proporcionar aos consumidores a experiência de prova de vinhos velhos e de apaziguar a tese dominante em Portugal de que os vinhos, brancos ou tintos, são melhores enquanto conservam o fulgor da sua juventude.
Não são, e basta avaliar os aromas e a complexidade deste Três Bagos para se perceber que os grandes vinhos só cumprem o seu destino após alguns anos de garrafa.
A Lavradores de Feitoria, uma associação original de 15 produtores donos de 18 quintas no Douro, começou a produzir o Três Bagos Grande Escolha na vindima de 2000. Para esse efeito, recorreu às melhores fracções das vinhas velhas dos seus produtores. O resultado desta aposta manifesta-se na criação de vinhos intensos, opulentos, com uma estrutura poderosa e um bouquet de arbustos e frutas silvestres que o tempo torna mais sofisticado e complexo.
O 2005 é neste particular um belo caso de um vinho que conserva potência e expressividade, revelando uma enorme harmonia e complexidade nas suas notas de especiaria e de fruta vermelha que, espantosamente, ainda se mantêm.
Entre as edições deste topo de gama da Lavradores de Feitoria no período 2001-2005, talvez o 2005 não seja tão elegante e harmonioso como o 2004, que é sem dúvida um vinho estratosférico. E talvez não exiba o mesmo fulgor do 2003. Mas é no seu próprio carácter um vinho magnífico, com um excelente balanço, que se afirma nos sentidos com uma garra e um leque de subtilezas capaz de fazer pensar toda a gente sobre o que perdemos com a pressa de consumir vinhos acabados de nascer.