Os vinhos de Alvarinho não são tão longevos como alguns brancos do Dão ou da Bairrada, por exemplo, mas também não precisam de ser bebidos a correr. Os melhores podem durar mais de uma década sem problemas. Há Alvarinhos produzidos pela Quinta de Soalheiro e por Anselmo Mendes, só para citar dois produtores consagrados, que o testemunham.
Um dos vinhos que mais nos impressionou nos anos recentes foi precisamente o Muros Antigos 2005, o branco com a melhor relação qualidade/preço do vasto portefólio de Anselmo Mendes. Em 2006, a revista Wine Enthusiast elegeu-o um dos 100 melhores vinhos do mundo. Deveria ter já uns oito anos quando o bebemos, mas parecia muito mais novo. Puro, seco e fresquíssimo, com as notas cítricas típicas da casta ainda bem presentes, deixou-nos sem palavras, mostrando uma pujança e uma juventude formidáveis. Sim, os bons Alvarinhos envelhecem melhor do que se imagina, embora não seja boa ideia deixá-los esquecidos na garrafeira. Convém ir avaliando a sua evolução e bebê-los quando ainda estão viçosos e inteiros.
O Muros Antigos Alvarinho 2014, que acaba de sair, tem os mesmos alicerces do 2005: fruta citrina muito fina e viva, nota floral da mesma família (flor de laranjeira), excelente mineralidade, bom volume, acidez fantástica, final explosivo e longo (e com um ligeiro amargo também característico do Alvarinho). Passa pela boca como a água que sai do granito.
Numa das vindimas mais difíceis dos últimos anos por causa da chuva, Anselmo Mendes conseguiu fazer um vinho notável, tendo em conta tratar-se de um Alvarinho vinificado e estagiado apenas em inox e cuja produção ascende a cerca de 80 mil garrafas. As uvas têm origem em vinhas de encostas de Melgaço, o que explica a madureza da sua fruta, que uma acidez fabulosa aviva e equilibra. Um magnífico branco para os dias de calor que aí vêm (e para as outras alturas do ano também).