Mas é redutor insistir sempre nos mesmos nomes e associar a região apenas a esses notáveis. De entre os milhares de produtores do Douro mais ou menos anónimos, há muitas dezenas a trabalhar muito bem e a produzir belos vinhos, alguns com uma relação qualidade/preço extraordinária.
O projecto Cottas, de Pedro Carmo (da família que já foi accionista da Sogrape), é um bom exemplo. Estamos a falar de um produtor com 10 hectares de vinha na aldeia de Cotas, mesmo junto à entrada da Quinta da Romaneira, e que tem um contrato de exploração sobre mais sete hectares de vinha no concelho de Tabuaço. Ainda não possui adega própria (o vinho é feito em adegas particulares da região) e os primeiros vinhos só começaram a ser feitos em 2007. No entanto, o seu tinto colheita já é servido nos aviões da British Airways.
O portefólio Cottas inclui vários brancos e tintos e um espumante e irá ter também vinho do Porto. Os vinhos tinham o apoio enológico de João Silva e Sousa e a partir deste ano começaram a ser acompanhados por Manuel Vieira, o antigo responsável pela enologia da Quinta dos Carvalhais (Dão), da Sogrape.
Este Reserva Tinto 2011 ainda não teve o dedo de Manuel Vieira, mas é um vinho com o mesmo cunho de elegância que este sempre defendeu na sua longa carreira.
A exuberância da Touriga Nacional está bem sopesada pela firmeza da Touriga Franca e pela austeridade do Tinto Cão. O Douro, com a sua fruta madura e suculenta e algum vegetal seco, está lá, tanto no nariz como na boca, mas de forma contida, sem grandes espaventos sensoriais. E sendo bem estruturado, também não peca por excessiva maceração e concentração, mostrando uma solidez tânica e uma frescura muito boas, o que o recomenda para a mesa.