Mas vai havendo empresas como a Quinta do Crasto que não abdicam de ler os apetites da procura sem lhes ceder por completo. Quando se tem um valiosíssimo património de vinhas com mais de 70 anos plantadas num ecossistema especial, com diferentes altitudes e exposições, é sempre mais fácil fazer vinhos com BI, é certo.
Mas este Vinhas Velhas de 2012 é mais do que a revelação de um potencial: é também a prova de um compromisso com o Douro. Quem quiser saber o que é um vinho de terroir tem neste Crasto um magnífico exemplar.
A história dos Vinhas Velhas é já longa e singular. Em 2005 a Wine Spectator deu-lhe o terceiro lugar na lista dos melhores do ano e consolidou uma legião de fãs que se mantém. Porque é óptimo, de uma marca fiável e consegue colocar no mercado umas significativas 90 mil garrafas. Como não podia deixar de ser, cada edição tem a marca do ano e até nisso este 2012 é notável: é um vinho mais fino, mais elegante e sofisticado, sem perder o nervo da sua estrutura nem a solenidade dos seus aromas. É seguramente um dos melhores anos de sempre do Vinhas Velhas — 93 pontos na Wine Advocat e 91 na Decanter.
Este vinho é uma delícia para os sentidos. O Douro do sol tórrido, dos aromas de bosque, da esteva e do rosmaninho, da fruta doce e quente estão ali sedimentados. Há um pouco da concentração da vinha junto ao rio e notas mais frescas das zonas de meia-encosta. Na boca é poderoso, com taninos firmes, fruta de qualidade, volume e secura que temperam a marca da barrica. Cheio É um vinho que se desenvolve na boca em diferentes andamentos. Bebe-se já, mas ganhará imenso após uns anos de garrafa.