Verão, calor, sede, vinho branco, Alvarinho. A sequência também podia acabar em água ou em cerveja. Mas fixemo-nos no vinho e, já agora, nos conselhos de P.Sirmond, jesuíta famoso que foi confessor do rei francês Luís XIII.
Dizia ele que os cristãos, ao contrário de outros crentes, têm o consolo de beber vinho sempre que são confrontados com alguma das seguintes cinco causas incitadoras ao consumo: a chegada de um amigo que se quer homenagear; a sede do momento que se deseja saciar; a sede futura que se pretende evitar; a bondade do vinho que se quer exaltar; ou qualquer outro motivo não previsto nos anteriores.
Era um espirituoso, este jesuíta. Mas sabia do que falava. O vinho é uma das maiores conquistas da humanidade, pelo prazer que nos dá e pela possibilidade de nos fazer esquecer por momentos a nossa condição e as nossas desgraças. E na evolução do próprio vinho, o vinho branco é outra grande conquista. Veio acabar com a ideia monótona e pobre de que “vinho é tinto”.
Quando chegam os dias quentes e abafados, só mesmo os mais radicais podem pensar apenas em vinho tinto. O normal, se deixarmos o nosso corpo falar, é suspirar por vinhos frescos e seivosos, logo em brancos, espumantes e rosés; e, dentro destes, pelos mais puros, leves e joviais, sem grande evolução ou exagerada presença de madeira, por exemplo.
Um Alvarinho encaixa sempre bem nesses desejos e, tratando-se do Soalheiro Primeiras Vinhas, ainda mais, mesmo que o ano de 2014 não tenha sido dos melhores, pela muita chuva que caiu durante a vindima. Mas as uvas conseguiram atingir uma boa graduação e, mesmo num ano difícil, voltamos a ter um belo Primeiras Vinhas, muito cítrico no seu aroma, com amplitude de boca, pureza, vivacidade e grande frescor. É tão agradável que nem precisamos de nenhuma das razões invocadas por P. Sirmond para o beber.