Apesar da história e importância que tem no Douro, a Poças Júnior nunca se pôs em bicos de pés e vai paulatinamente juntando evolução e modernidade ao seu percurso de quase 100 anos, que completa em 2018.
É, dentro do vinho do Porto, um raro caso de empresa que nasceu portuguesa e assim se mantém, detida pelas sucessivas gerações da mesma família, e foi também das primeiras a apostar nos vinhos DOC Douro, a partir de 1990.
É fresca ainda a “sentença” de muitos especialistas de que o Douro não era região para brancos, uma ideia desde o início contrariada pela Poças, com o lançamento do Coroa d’Ouro em 1994. Para reforçar a aposta nos vinhos DOC, a equipa de enologia conta desde a última vindima com o apoio do francês Hubert Bouard, um dos nomes grandes de Bordéus e que traz consigo o luso-descendente Philippe Nunes, um entusiasta pelas castas autóctones e pelo potencial dos vinhos do Douro.
Foi para mostrar o resultado do trabalho que está a ser feito que deram a conhecer os vinhos da última vindima, se bem que os tintos ainda tenham que esperar até chegarem ao mercado. Lá mais para o fim do ano, o Vale de Cavalos 2014, que anuncia um excelente compromisso entre qualidade e preço (7€), e para o próximo ano o possante Símbolo 2014.
Pronto a beber, e já no mercado, está o Coroa d’Ouro Branco 2014, com um perfil que o torna agora muito interessante. Aroma floral impactante, boca com entrada muito fresca e limpa para terminar de forma envolvente e com um rasto de fruta prolongado. Jorge Pintão, o enólogo da casa, destaca o equilíbrio e o rigor na quantidade de utilização da uva moscatel, “que facilmente marca os vinhos em demasia”. À evidência aromática e sabor frutado junta ainda algum volume e envolvência decorrente do processo de bâtonnage com borras. E com um preço que é uma pechincha.