No Verão, beba branco e …Castelão. Até parece um anúncio, com rima e tudo, mas a frase surgiu assim, de repente, estimulada pela prova de um dos muitos vinhos de António Maçanita, enólogo todo-o-terreno que, nos últimos anos, tem vindo a fazer um meritório trabalho de resgate de algumas castas açorianas
Inovador mas com apurado sentido comercial, Maçanita tem também procurado “reinterpretar” o Alentejo, quer pelo experimentalismo (alguns vinhos da Herdade do Arrepiado Velho são um bom exemplo), quer pela via mais tradicionalista, na qual se encaixa este Tinto de Castelão 2010.
O Castelão, também conhecida por Periquita, é a terceira casta mais plantada no Alentejo, o que dá força à tese recente de que esta será a sua região de origem e não a península de Setúbal. Os seus vinhos são pouco concentrados e bastante abertos de cor, mas os melhores conseguem envelhecer muito bem. Precisam de cuidados e de tempo para mostrarem o que valem. A este vinho António Maçanita deu-lhe 30 dias de curtimenta, 24 meses de barrica e 20 meses de garrafa.
A sua longevidade só agora começa a ser testada. O seu esqueleto tânico, firme mas por enquanto também algo seco, augura-lhe muitos anos de vida. O “trabalho” e o longo estágio a que o vinho foi sujeito deram-lhe músculo e potência para o futuro. Vale a pena, por isso, fazer um investimento e guardar algumas garrafas, até porque o vinho é mesmo bom. No entanto, nesta fase, é no modo estival, com um ligeiro refrescamento, que o vinho melhor se mostra. Pode parecer uma heresia, mas, bebido a uma temperatura um pouquinho mais baixa do que a recomendada para um tinto, “esconde” a sua secura tânica e faz realçar o lado frutado mais jovial e o carácter vinoso do Castelão.
O único perigo reside nos 14% de álcool. O vinho é tão agradável e guloso que, sem darmos por isso, já vamos com um copo acima da conta. Nada que uma boa sesta não resolva.