Os brancos portugueses estão cada vez mais apelativos e os vinhos de Luís Louro são um bom exemplo para justificar este consenso. Sob a marca Alento, este jovem enólogo que se lançou em nome próprio há menos de uma década consegue fazer prova das causas que melhor explicam os progressos registados na categoria.
Uma sábia utilização de castas portuguesas, onde o nervo e a expressividade da Arinto se destacam, uma opção por vindimas antecipadas que permitem conservar a acidez da fruta e produzir vinhos com menor teor alcoólico, uma interpretação pessoal das características de Estremoz e, acima de tudo, a renúncia a vinhos doces, super-frutados e alcoólicos são algumas das causas que justificam toda a atenção a este produtor.
Filho de enólogo sabe fazer vinho e Luís Louro tem nesta dimensão pessoal a vantagem de trabalhar com Miguel Louro, da Quinta do Mouro, seguramente um dos autores mais distintos e emblemáticos do Alentejo das altas estirpes.
Luís estudou enologia, no Instituto Superior de Agronomia e na Califórnia, e um dia fez o que a nova geração de enólogos portugueses tanto aprecia: criou a sua própria chancela. Só que, em vez de se dedicar a vinho de garagem a preços estratosféricos, optou por apostar nas gamas médias e em volumes razoáveis. O Alento é a sua grande marca. Cerca de metade dos seus vinhos vão para exportação.
No caso dos brancos, Luís Louro tem o Alento corrente que se vende a 4,55 euros e o Reserva que custa mais ou menos o dobro. São valores sensatos para os vinhos em questão. Sem o truque já estafado de aromas de fruta intensa, o Alento corrente vale pelas suas sugestões discretas de lima, com alguns toques de maçã ácida e pêssego. Mas é na boca que a sua frescura delicia e a sua mineralidade atrai.
É um daqueles vinhos gulosos, que não cansam. O Reserva é tudo isto embrulhado numa outra complexidade e textura. É de outro campeonato, mas quem quiser uma escolha acertada para momentos menos solenes, o Alento corrente é, sem dúvida, um vinho a considerar.