O ano de 2011 já proporcionou grandes prémios e distinções aos vinhos portugueses. Só que o tempo não pára e depois dessa colheita histórica já houve mais três vindimas — e a quarta vai a meio. No entanto, apenas 2015 promete voltar a colocar o país no centro das atenções, embora haja grandes vinhos em 2013 e 2014, mas não de forma tão generalizada como houve em 2011.
Por isso, é sempre bom ver chegar agora ao mercado mais um vinho de 2011, com um tempo de adega cada vez mais raro no sector. É esta paciência que faz o prestígio de algumas casas. Os vinhos precisam de tempo para se poderem expressar e mostrarem todo o seu potencial. Nem todos melhoram com a idade, e muitos têm um período de vida muito curto. Mas esse não é o caso dos vinhos tintos de Valle Pradinhos, em Macedo de Cavaleiros.
A imagem de respeito e prestígio que esta casa criou junto da comunidade enófila nacional não foi conseguida com a produção de vinhos de consumo rápido. O que fez de Valle Pradinhos uma referência, sobretudo nos tintos, foi a aposta num estilo mais clássico, de inspiração francesa, tirando partido da localização privilegiada das vinhas, a mais de 600 metros de altitude e expostas a sul, e da associação de castas nacionais com a bordalesa Cabernet Sauvignon.
Esta variedade origina vinhos duradouros mas bastante tânicos. Porém, não é esta faceta que sobressai nos Valle Pradinhos. Talvez por o Cabernet Sauvignon vir associado à Touriga Nacional e à Tinta Amarela (a Trincadeira do Alentejo), o registo é de austeridade e elegância.
Austeridade e elegância assentes numa grande estrutura de taninos e numa magnífica frescura natural. Este Reserva 2011 é um bom exemplo. O vinho não passa impune pelo palato. Deixa marca, mostra a sua garra tânica, mas, ao mesmo tempo, revela um enorme frescor químico e um delicioso apimentado na boca. Com mais uns anos de garrafa ainda vai ficar melhor.