A discussão divide enólogos e especialistas, mas tem o mérito de pôr na linha do reconhecimento muitas empresas e criadores de vinho que, não obtendo mais de 95 pontos nas apreciações dos críticos internacionais, produzem ainda assim uma relação entre quantidade e qualidade que acaba por arrastar as regiões onde trabalham. O caso do Cabriz e do papel que teve na consolidação do Dão no mapa da enofilia são disso bons exemplos.
A Dão Sul, empresa que faz o Cabriz, nasceu em 1989. Sendo produto de uma união de investidores destinada a explorar a oportunidade de negócio dos vinhos que por essa altura florescia, nos seus propósitos nunca esteve um vinho de garagem. Carlos Lucas, o seu primeiro enólogo, deu conta do desafio e foi capaz de criar um vinho tinto fiável, com um bom compromisso entre a modernidade patente na expressão da fruta e uma raiz bem ancorada na tradição do Dão. Osvaldo Amado, que está agora à frente dos destinos da marca, consolidou essa experiência. Com resultados raros num país de microproduções: o Colheita Seleccionada vende 2,5 milhões de garrafas por ano, enquanto o Reserva chega às 200 mil.
No ano em que se comemoram os 25 anos da primeira edição do Cabriz, experimente-se então o Reserva de 2012 que, situando-se num patamar superior em relação à gama de acesso, pode ainda assim ser comprado por uns muito sensatos oito euros ou menos. Um negócio que vale a pena. Resultado de uma combinação entre a trilogia clássica das castas da região, apresenta aromas intensos de fruta vermelha madura, notas de bosque, sugestões balsâmicas. Na boca é sedoso, profundo, com uma estrutura notável que sustenta e harmoniza as notas da fruta e uma acidez final que se impõe. Um belo vinho para comemorar uma bela marca.