Tirando os minhotos, pouca gente consegue bebê-los. No entanto, no Douro, onde leva o nome de Sousão, é uma das castas da moda, por aportar uma belíssima acidez aos vinhos. O Sousão chegou ao Douro no século XVIII, com o objectivo de substituir a baga de sabugueiro na produção do vinho do Porto, dado ser uma variedade muito tintureira.
Com a filoxera, descobriu-se também que era, juntamente com o Mourisco Preto e o Tinto Cão, a casta mais resistente ao insecto. Mesmo assim, a sua implantação nunca foi grande e só nos anos mais recentes é que começou a ganhar algum peso, sendo utilizada sobretudo em lote.
Nos Vinhos Verdes brilha sozinha e esse é talvez o seu maior handicap. O vinho tinto minhoto começou a ser exportado para Inglaterra ainda antes do vinho do Douro, mas nesse tempo era um vinho de cor aberta, leve, macio e feito com várias castas. Hoje, salvo raras excepções, vinho verde tinto é Vinhão, um tinto carregado de cor, taninoso e de acidez quase metálica.
É um vinho difícil, e isso é ainda mais notório quando o colocamos lado a lado com vinhos mais maduros e macios. Porém, e até por ser um vinho quase étnico, não deixa de ter potencial. Quem procura vinhos diferentes e exigentes, pode deliciar-se com estes tintos. A sua prova deve ser feita à mesa, na companhia de comidas fortes (gordas, como lampreia ou rojões, ou ácidas e apimentadas). É aí que a sua acidez viperina e os seus taninos rugosos ganham brilho e utilidade.
Vinhão um pouco mais moderno, este Bairros de Paiva também requer comida, mas não exige pratos tão puxados. O estágio em barrica amansou-o, tornou-o mais civilizado e apetecível. Leve de álcool, tem um nervo e uma frescura tremendas. Vale a pena conhecê-lo. É por vinhos como estes que pode passar o futuro do Vinhão.