Um potente e fresquíssimo Alicante Bouschet. O nome Vale de Ancho, o topo de gama da Herdade do Menir, já soa a clássico, apesar de só ter sido produzido seis vezes. O vinho sai apenas nos melhores anos, como foi o caso de 2011.
Já passaram cinco anos desde esta colheita histórica em todo o país e este intervalo de tempo é suficiente para percebermos o que é realmente bom. E um vinho mesmo muito bom tem que que nos impressionar desde já e mostrar esqueleto suficiente para viver longos anos.
Este Vale do Ancho Reserva 2011 cumpre esses critérios. Opaco na cor, exibindo laivos de tinta-da-china, ressuma a fruta preta e a notas químicas e especiadas. É muito concentrado, tem grande profundidade e lastro e possui um músculo tânico e uma acidez magníficas. Não é comum encontrar tanta frescura num tinto alentejano de 14,5% de álcool. Como alguém dizia, a acidez nunca é suficiente.
Se fosse menos ácido, este vinho poderia ser ainda mais agradável de beber nesta fase, sobretudo para os apreciadores de vinhos mais planos. Mas é esse plus de acidez que o diferencia, por lhe acrescentar vivacidade e nervo e por lhe prometer longevidade.
O Vale de Ancho 2011 foi o primeiro feito sob a supervisão de Anselmo Mendes e Diogo Lopes. Ao contrário do último, de 2006, que juntou uvas de Alicante Bouschet e Aragonez, o 2011 é 100% Alicante Bouschet. O tempo de estágio em barrica também aumentou um pouco mais.
Mas o que influenciou mesmo o trabalho enológico foi o ano (perfeito para esta casta, que precisa de passar dos 14% de álcool para perder rusticidade) e também o “abandono” a que a vinha tinha sido votada nos anos anteriores. A parcela que se manteve em melhor estado foi a vinha de Alicante Bouschet, plantada numa encosta de xisto e sem rega. Vinha sofrida, vinha abençoada. E o resultado foi este belíssimo vinho.