Pode não haver consenso sobre a identidade dos vinhos tintos do Douro, o que em parte se justifica pela variedade do clima na região, da sua orografia ou do mosaico das suas exposições ao sol.
Mas há consenso sobre alguns dos seus denominadores comuns. O toque da fruta vermelha, a nota floral, o calor na boca, a tensão da sua estrutura tânica ou o seu volume são, genericamente, atributos dos bons tintos do Douro.
A enologia pega nesses atributos e ora faz vinhos opulentos, impactantes e vigorosos, ora prefere sublinhar a subtileza, o equilíbrio minimal ou a elegância. Quem gosta de vinho costuma optar por um destes estilos, aqui apresentados de forma simplista. E quem prefere a fineza à intensidade tem no Andreza Grande Reserva uma boa escolha para a sua garrafeira.
Baseado num lote de Touriga Franca e Touriga Nacional, este vinho fez a fermentação alcoólica a temperatura controlada e a maloláctica em barricas de carvalho francês. Seguiu-se um estágio de 12 meses também em carvalho francês. Os enólogos Francisco Baptista e João Silva e Sousa tiveram o mérito de extrair o melhor da fruta e de o fazer nas proporções correctas. O recurso à madeira serviu apenas de tempero, que se deduz na presença discreta de sensações balsâmicas e de aromas a tosta no final.
O que começa por impressionar neste vinho é a qualidade dos seus sabores. Os aromas de fruta jovem, esteva, notas de tabaco amparam-se numa estrutura de taninos macia mas consistente que convida a que mastiguemos o vinho e o deixemos irradiar sensações. Podemos então perceber a precisão, a delicadeza e a harmonia entre todas as componentes. Pela delícia que proporciona, o Andreza é sem dúvida um tinto do Douro; mas é um tinto que sabe explorar a dimensão menos exuberante do vale para insistir numa vocação mais contida, elegante e sedutora. Um grande vinho a um preço muito sensato.