Há tantas propriedades extraordinárias que é difícil escolher uma. Mas acabamos sempre por incluir na equação a Quinta dos Frades, situada mesmo em cima do rio Douro, no lugar da Folgosa, entre a Régua e o Pinhão.
A sua soberba localização e a harmonia que existe naquele pequeno presépio rural, com um pequeno braço de rio a entrar quinta adentro e a casa acastelada mesmo no fundo de um vasto anfiteatro de vinhas, construções diversas e pequenos pomares, deixam toda a a gente encantada. E ainda possui um grande tesouro que escapa a quem passa na estrada ou segue de comboio na outra margem do rio : dezenas de hectares de vinhas com mais de 90 anos e em que predomina a Touriga Franca.
Apesar desta riqueza e de ter estado ligada durante séculos aos monges de Cister (chegou à posse dos proprietários actuais, a família do falecido industrial Delfim Ferreira, em meados do século XX), a Quinta dos Frades só começou a produzir vinho com marca própria na colheita de 2008. Estreou-se com um grande reserva volumoso e austero, de aroma e sabor complexos e com uma elegante estrutura de taninos e uma inusitada frescura.
Este Quinta dos Frades Grande Reserva 2011 insere-se na mesma linha dos poderosos e aclamados tintos desta colheita histórica. É um Douro típico, de aroma muito mediterrânico, cheio de fruta madura e notas especiadas e fumadas da barrica. É um daqueles tintos maduros e robustos, que quase se mastigam e que causam grande impacto na companhia de comidas com muita gordura e proteína. É imediatamente identificado com o Douro — e isso é bom. No entanto, as tendências actuais privilegiam cada vez mais vinhos com mais frescura e menos madeira, e este 2011 seria ainda melhor vinho se tivesse pelo menos a mesma frescura do 2008 e se a madeira não estivesse tão presente, embora esteja bem integrada.