Mas quem aprecia vinhos alentejanos de matriz mais clássica não o deve perder de vista, até porque há poucas referências que ofereçam tanto por tão pouco dinheiro. O vinho tem um PVP de apenas 7,50 euros e só sai para o mercado ao fim de alguns anos, o que é notável. O último Tinta da Talha a chegar ao mercado foi o 2010.
Este vinho, apesar do nome, não é elaborado em talhas de barro. É um tinto feito com apenas duas castas, que podem mudar de ano para ano, e ambas são vinificadas em separado, fermentando em lagar ou cuba de inox e passando depois cerca de três meses em barricas novas de carvalho francês e americano.
É um programa enológico pouco arrojado. No entanto, resulta, como podemos constatar numa vertical de todos os Tinto da Talha já produzidos. São vinhos já com um bouquet de evolução muito interessante, químicos, especiados e bastante digestivos. A série começou em 2003, com um lote de Touriga Nacional e Aragonês. A partir de 2004, o Aragonês começou a alternar com a Syrah e, mais tarde, com o Alicante Bouschet.
A Touriga Nacional é a casta mais utilizada, estando apenas ausente no 2008 (Aragonês e Alicante Bouschet) e no 2007 (Syrah e Aragonês), os mais tânicos e rústicos dos oito mas perfeitamente bebíveis.
Os melhores são o 2003 (grande vinho, cheio de vida, com notas apimentadas e uma frescura balsâmica deliciosa) e o 2010, que repete a mesma composição de castas (Touriga Nacional e Aragonês).
A exuberância aromática e a frescura cítrica da Touriga Nacional combinam na perfeição com a robustez tânica do Aragonês. Nesta fase, ainda é um vinho algo afiado, com alguma agressividade e secura tânica, mas na sua amplitude e sapidez segue claramente na mesma linha do 2003. Para beber e guardar.