O Noval mais selvagem e fresco. Os ditos grandes tintos do Douro, pelo menos aqueles que são mais pontuados pela crítica nacional e internacional, têm, na sua esmagadora maioria, 14,5% ou mais de álcool.
Apesar da tendência mundial de consumo privilegiar cada vez mais vinhos menos alcoólicos, na hora de vindimar, os produtores, em geral, são muito sensíveis à maturação das uvas e só mandam colher quando estas estão bem maduras.
É assim todos os anos. Como os vinhos se vendem cada vez mais novos, ninguém quer arriscar a produzir vinhos um pouco mais taninosos e vegetais. Preferem a suculência e a macieza ao vigor e à frescura que pode oferecer um vinho menos alcoólico e maduro.
A Quinta do Noval era um dos produtores que vinha seguindo este caminho. Dizemos “era” porque o Quinta do Noval 2012 parece marcar um ponto de inflexão. O ano de 2012 não foi tão quente como o de 2011, mas também não pode ser considerado um ano frio. No entanto, o Noval 2012 tem apenas 13,5% de álcool, menos um grau do que o seu antecessor ( e do que os 2007, 2008 e 2009). Um grau de álcool num vinho é muito e reflecte-se bem na prova. Se colocarmos agora lado a lado o Noval 2011 e o Noval 2012, poucos preferirão o segundo. Mas se fizermos a mesma experiência daqui a uns cinco ou 10 anos, se calhar a reacção será diferente.
Se é verdade que o 2011 é um vinho imponente, com músculo mas de grande elegância e finesse, o 2012 destaca-se pelo seu lado mais selvagem, austero e também mais fresco. Pode, por agora, não ser tão impressivo, mas é um vinho mais afiado, com garra, que dá luta e que se bebe até com menos contenção. Um belo vinho para beber e guardar.
Um belo vinho para a mesa já hoje, mas que vale a pena também guardar, porque o seu potencial de crescimento é grande. Nesta fase, ainda não mostra tudo o que vale.