Um Douro para beber e guardar. No Douro, há vindimas que não enganam. A de 2011, por exemplo, proporcionou alguns dos mais premiados tintos DOC e Porto Vintage da região.
É um ano que irá ser falado durante décadas, ou séculos, quem sabe. Mas, por vezes, há colheitas pouco prometedoras que, alguns anos depois, vêm a revelar-se belíssimas surpresas. A de 2010, por exemplo, está a começar a mostrar-se. Os seus vinhos não são tão “perfeitos” como os de 2011, mas, em contrapartida, são mais frescos e tânicos. Vão precisar de mais tempo para afinar, mas poderão vir a ser mais duradouros e melhores até do que muitos de 2011.
Já não se poderá esperar o mesmo da maioria dos tintos de 2013, embora aqui se possa falar em duas vindimas: uma antes das chuvas e outra depois das chuvas. Quem vindimou antes, conseguiu vinhos ainda um pouco longe da maturação perfeita mas com mais frescura e tanino e que podem ter o mesmo futuro brilhante dos tintos de 2010. Quem vindimou depois, fez vinhos um pouco mais maduros mas menos concentrados e com menos futuro pela frente.
Não sabemos quando terá sido feito o vinho desta semana, o Quinta do Monte Travesso Reserva 2013, embora seja um lote de uvas do Douro Superior com outro do Cima Corgo feito em lagar e em pequenas cubas de fermentação. Mas o seu perfil aproxima-o dos tintos de 2010.
É um vinho cheio de frescura e com um grande volume e vigor tânico (contributo do Sousão). Tem um final de boca longo e vigoroso, que reclama por comida. Não é um tinto de veludo, mas também não chega a ser rústico. No mais, é um vinho de aroma encantador, com a fruta madura e o vegetal seco do Douro Superior e a fruta viva e o balsâmico do Cima Corgo.
Já se bebe com imenso prazer, mas este é um daqueles tintos que vale a pena comprar e esquecer por alguns anos na garrafeira. Um dia vamos dar graças por isso.