Este Alvarinho provém do seu solar (Quinta da Boavista, aldeia de Mazedo, concelho de Monção) e de uma vinha coberta de calhau rolado. Não passou por barrica e ficou sobre as borras finas (com batonnage regular) até ao engarrafamento. Tudo muito simples e claro.
Os dados analíticos são estes: 13,8% de álcool, 6,5g/l de acidez total, 3,4g/l de açúcares totais e um pH de 3,18. Resumindo, para os menos familiarizados com estes números: é um vinho maduro, mas com bom balanço entre o álcool e a acidez. Os 3,4 g/l de açúcares residuais eram dispensáveis, mas este valor não é percepcionável em prova.
O Alvarinho precisa de amadurecer para poder expressar todo o seu (enorme) potencial aromático e gustativo. E o ano de 2015, com um final de ciclo seco e não muito quente, o que permitiu uma maturação longa e sem grandes sobressaltos, foi perfeito para aquela casta. Como possui uma boa acidez natural, um volume alcoólico próximo dos 14% não chega a ser um problema, ao contrário do que acontece com outras variedades, que ficam chatas e pesadas.
Equilíbrio é a palavra-chave em qualquer vinho e neste esse equilíbrio existe. A acidez não é metálica, não magoa o palato, e o álcool não se sente. O que sobressai é suculência e a sucrosidade da fruta madura mas algo ácida (tipo alperce) e o frescor dos citrinos (a par de alguma especiaria no aroma). Um branco de encher a boca, muito envolvente, com a fruta madura bem suportada pela acidez. Não passou por barrica, mas tem corpo para aguentar bons embates gastronómicos.
Se lhe dermos mais algum tempo de garrafa, para que possa ganhar outra limpidez aromática, ainda vamos gostar mais dele. E não é um vinho apenas para o Verão. Com o corpo e a frescura que tem, pode ser bebido em qualquer altura do ano.