Foi o primeiro vinho desta propriedade da Sogrape a ser produzido com leveduras autóctones, isoladas e seleccionadas na própria quinta, de modo a expressar melhor o terroir de Carvalhais.
A mudança não é algo que se perceba na prova e será necessário esperar por novas edições do mesmo vinho para se ficar com uma ideia da sua identidade. Mas a finesse, a elegância e a subtileza típicas dos brancos de Carvalhais e do Dão estão bem presentes, sem qualquer vestígio de aromas e sabores tropicais que muitas leveduras tecnológicas induzem.
Para se ficar com uma melhor ideia deste novo vinho, vale a pena prová-lo em paralelo com um vinho verde ou um branco da Bairrada, por exemplo. Fizemos a experiência com um Avesso minhoto e é flagrante a diferença de acidez entre os dois — o Avesso é muito mais ácido e perfumado, causando um maior impacto inicial. Mas basta repetir a prova para se perceber que o Carvalhais não é tão unidimensional, que é mais complexo e harmonioso. Não sendo tão ácido, possui, no entanto, uma belíssima frescura, que se insinua de forma subtil e sustenta toda a sua estrutura aromática e gustativa.
É um branco contido de aroma (fruta branca madura, algum citrino, toque fumado ligeiro do estágio em barrica) que vai crescendo em boca, mostrando aí o seu bom volume e lastro gustativo. Como a maioria dos brancos do Dão feitos à base de Encruzado, que começam tímidos e só ao fim de alguns anos se revelam em toda a sua plenitude, este Carvalhais pode não convencer de imediato os apreciadores de brancos exuberantes. Mas a sua harmonia, pureza e precisão são admiráveis e garantem um auspicioso crescimento em garrafa. Guarde alguma e tire a prova dos nove daqui a quatro ou cinco anos. Vai ter uma bela surpresa.