Os franceses, que andam sempre à frente na forma de decifrar o vinho, criaram uma nova dimensão de prova que associa o gosto com o conhecimento do terroir. Chamam-lhe degustação geo-sensorial. A parte olfactiva é menorizada, porque o “ponto G” do vinho, digamos, está na sua mineralidade e essa só se percebe provando, bebendo o vinho. A mineralidade é vista aqui como uma espécie de “inconsciente do vinho”, aquilo que define o seu carácter. Para chegar até ele, é necessário conhecer bem o lugar de onde o vinho vem, desde o solo até ao clima.
Para se poder falar com o maior rigor possível dos vinhos brancos da ilha açoriana do Pico também é necessário conhecer as suas extraordinárias vinhas de lava. É um universo fantasmagórico e emocionante de pedra onde só quase por milagre as videiras conseguem fixar raízes. Perante a exuberância aromática de um Verdelho seco, é provável que muita gente, provando às cegas, julgue tratar-se de um Alvarinho, por exemplo. Mas insistindo um pouco mais percebe-se que não há nada igual no continente. Com um Arinto dos Açores, a tentação de o associar a um Arinto de Bucelas também pode ser imediata, por causa da sua fabulosa acidez, mas a afinidade termina aí. Os brancos do Pico nascem em basalto e mesmo junto ao mar e isso faz toda a diferença. São únicos.
O vinho que se propõe hoje, o Arinto dos Açores by António Maçanita 2015, é um branco marcado pela lava, pelo sol e pelo mar do Pico. Maduro, tem uma secura lítica, uma acidez e uma salinidade admiráveis. A acidez já induz, por si só, uma sensação de frescura, mas quando se junta ao sal, como neste caso, cria uma nova dimensão sensorial, um maior frescor mineral, uma maior vivacidade e sapidez, que nos deixa arrebatados e emocionados. Quem conhece o Pico, consegue viajar até lá com este magnífico e distinto vinho. Haverá melhor elogio?
Arinto dos Açores by António Maçanita 2015
Nota de prova
- Tipo:
- Branco
- Região:
- Açores
- Castas:
- Arinto dos Açores
- Graduação:
- 13%
- Preço:
- 25€
- Data da Prova:
- 09.07.2016