O Bafarela 17, da Casa Brites Aguiar, já um ícone do Douro. Não é sequer o melhor vinho do produtor (esse leva o nome da casa), mas os seus 17 graus de álcool, em vez de assustarem os consumidores, funcionam como um íman.
Sempre que o vinho é produzido (o que acontece só em certos anos, porque é difícil fazer um vinho seco com 17% de álcool), esgota ainda antes de sair da adega, razão pela qual já há mais produtores a fazer vinhos com igual ou idêntica gradução.
Não é bem uma moda, é mais um epifenómeno. Mas é um caso que merecia ser estudado, porque acontece em contraciclo com a tendência actual de consumo, que privilegia vinhos com pouco álcool.
A marca Bafarela não se esgota, porém, no seu 17. Estende-se a outros vinhos muito mais civilizados e com uma excelente relação qualidade/preço.
O belíssimo Bafarela Grande Reserva, por exemplo, tem um PVP de cerca de 10 euros, o que explica o grande crescimento desta referência no conjunto dos vinhos da casa Brites Aguiar. Na última colheita foram feitas cerca de 65 mil garrafas.
A aposta deste produtor passa, de resto, por diminuir a quantidade de garrafas das gamas mais baixas e subir a das gamas mais altas, acenando com preços atractivos.
Veja-se o caso do Bafarela Reserva. Apesar de estagiar um ano em barricas novas e usadas, tem um PVP de apenas 4,5 euros. Em relação ao Grande Reserva e ao 17, tem a vantagem suplementar de ser menos alcoólico, o que é bom.
O Reserva 2014, por exemplo, possui 14% de álcool, um valor mais do que aceitável para um tinto do Douro. Como vinho, é um tinto muito directo, focado na fruta vermelha, bem polido e com uma acidez equilibrada.
Pode não ser muito complexo, mas não tem o peso do álcool, nem da madeira, e é bastante digestivo e saboroso, com boas notas especiadas e um perfil sensorial muito Douro. O preço é quase imbatível.