Há castas brancas com especial aptidão para fermentar e evoluir em barrica. O Chardonnay é a mais conhecida, e testada, delas todas. Basta lembrarmo-nos dos grandes brancos da Borgonha ou dos champanhes da Côte des Blancs. Em contrapartida, o Sauvignon Blanc, por exemplo, tem tendência para o desastre quando passa pela madeira.
Por cá, uma das variedades que melhor se comportam em barrica é o Encruzado do Dão (talvez a mais plástica das castas nacionais), que nasce tímido e vai crescendo de forma admirável. O Alvarinho também vai bem muito com a madeira. Os monovarietais da Quinta do Soalheiro e de Anselmo Mendes são uma boa prova. Mas a mais apta de todas, a que mais ganha com a madeira, talvez seja o Arinto. A sua vincada acidez e a sua tensão apreciam e ganham com o conforto da barrica, o vinho torna-se mais gordo e complexo sem perder a vivacidade e o carácter e o seu lado viperino amansa um pouco.
Um bom exemplo da boa ligação do Arinto com a barrica é este Quinta da Massorra Reserva 2014, vinho administrativamente situado na zona dos Vinhos Verdes mas com a influência directa do calor do Douro. Branco estreme de Arinto, fermentou e estagiou durante dez meses em cascos de carvalho francês. O frescor cítrico do Arinto surge muito bem envolvido pela madeira, mostrando uma textura sedosa e sem qualquer vestígio de notas verdes ou demasiado acídulas. Está tudo no sítio: a fruta fresca e suculenta envolvida no ponto certo pelas notas fumadas e gordas da barrica — associação que se repete e potencia na boca de forma harmoniosa — e a vivacidade e amplitude final, impulsionada pela excelente acidez do Arinto. Um belíssimo branco que, pela sua estrutura, requer comidas com alguma substância, mais de Inverno, mas que, graças à sua boa acidez, também pode ser uma boa companhia numa mesa de Verão, mais leve e marinha.
Quinta da Massorra Reserva Branco 2014
Nota de prova
- Tipo:
- Branco
- Região:
- Castas:
- Arinto
- Graduação:
- 13%
- Preço:
- 12€
- Data da Prova:
- 30.07.2016