Os últimos anos não foram fáceis para Carlos Lucas. Da Dão Sul, onde era enólogo, administrador e accionista, saiu sem dinheiro e vinculado a compromissos da empresa. Depois foi convidado para dirigir a Ideal Drinks, a empresa do empresário Carlos Dias, conhecido após ter ficado milionário com a venda da sua marca de relógios Roger Dubois e ter investido uma parte da fortuna na Bairrada, Vinhos Verdes e Dão. Mas a experiência também não correu bem e Carlos Lucas acabou por sair, novamente em ruptura com o accionista.
Estes acontecimentos podem ter prejudicado a sua imagem, mas Carlos Lucas tem mostrado uma grande capacidade de resistência às adversidades e, aos poucos, vai voltando à ribalta. No Dão, associou-se ao empresário Luís Abrantes na produção do vinho Quinta da Alameda — uma das grandes revelações do ano passado. E, com o declínio da Dão Sul — que atravessa uma crise accionista e de identidade —, alguns parceiros deste grupo, como a Quinta das Lágrimas (vinho Pedro & Inês) e os herdeiros da Casa de Santar, querem voltar a contar com o seu apoio enológico. Ao mesmo tempo, o seu projecto pessoal, a Magnum Vinhos, fruto de uma associação com dois antigos colegas na Dão Sul, Carlos Rodrigues e Lúcia Freitas (esta enóloga continua como sócia mas já saiu da empresa), não tem parado de crescer e de alargar o seu portefólio.
Uma das últimas novidades é o Ribeiro Santo Automático 2015, um branco de Encruzado feito com o mínimo de intervenção humana. Fermentou com leveduras indígenas e só passou por inox. É um vinho sério na sua aparente simplicidade, porque não tem nada a mascará-lo e porque é muito impressivo, harmonioso e saboroso. Possui uma madureza algo exótica que é muito bem temperada por uma refrescante acidez cítrica. Sendo gordo (tem 13% de álcool), impressiona pela vivacidade e frescor que mostra na boca. Muito bom.