Este branco tem origem numa vinha com cerca de sete anos, uma vinha nova, portanto, mas, vá-se lá saber porquê, é nos primeiros anos de produção que, por vezes, se fazem alguns vinhos antológicos.
Ficou célebre uma prova ibérica que a Revista de Vinhos fez, colocando em confronto os melhores tintos do Douro e de Ribera del Duero. O vencedor foi o espanhol Viña Sardónia, tinto de uma vinha que estava no primeiro ano de produção.
Julgo que o primeiro Ninfa Maria Gomes é de 2014. Este 2015 será o segundo. As vinhas situam-se no concelho de Rio Maior, na influência da serra de Candeeiros. O lugar é tipicamente mediterrânico, mas recebe alguma influência atlântica. De dia faz bastante calor e à noite a temperatura desce bastante. E uma grande amplitude térmica, associada a uma boa exposição, a um bom solo e a boas castas é tudo o que se precisa para se fazer um bom vinho
Ora, as vinhas do Ninfa estão viradas a sul, os solos são argilo-calcários e a casta é a Maria Gomes (também conhecida por Fernão Pires), uma variedade de uva que, na Bairrada, onde encontra solos similares, faz vinhos admiráveis. É verdade que o clima da Bairrada é diferente, mais fresco e atlântico, mas a grande surpresa deste Maria Gomes do produtor João Barbosa é a sua imensa frescura, uma frescura mineral, não apenas ácida, que explode na boca como Peta Zetas, deixando-nos a salivar. Em prova cega, nem pensaríamos num branco bairradino, mas sim num verde feito com uvas bem maduras, com corpo, sabor pronunciado e um final seivoso. Fermentado e estagiado apenas em inox, impressiona pela sua precisão aromática (mais fruta branca agridoce do que flores) e verticalidade. É um vinho antológico? Não iríamos tão longe, mas, até pelo preço, é um belíssimo vinho, sobretudo se o acompanharmos com peixes grelhados e marisco.