Nos primeiros anos da década de 1870, o visconde de Villa Maior visitou o Vesúvio e deixou para a posteridade o seu espanto no célebre livro O Douro Ilustrado: “Imaginem, se puderem, uma vinha contendo entre os seus muros sete montes e trinta vales!”. O Vesúvio de hoje conserva essa grandeza.
Os seus 133 hectares de vinha são modelares e o seu ajustamento aos montes e vales da quinta cria um mosaico de condições óptimas para a produção de vinho. Para Porto e, depois de 2007, para DOC Douro. Não é difícil imaginar que, com este potencial e com o saber da viticultura e da enologia do grupo Symington, haja por ali condições para a criação de um novo clássico duriense.
Se os primeiros anos foram hesitantes, depois de 2011 a dupla de enólogos feita por Charles Symington e Pedro Correia chegou a um conceito de DOC Douro que consegue exprimir de forma mais nítida a expressão aromática, a estrutura harmoniosa e a elegância dos Vesúvio. A edição de 2014 segue esse pergaminho, no qual a fineza se sobrepõe ao volume e a fineza à concentração. Sendo mais requintados e algo menos impactantes ao primeiro contacto, os Vesúvio tornaram-se indiscutíveis quando em cima da mesa estiver em discussão o ranking dos grandes Douro.
Produzido a partir de uma selecção na qual predomina a Touriga Nacional, este vinho exala fruta intensa e madura, notas balsâmicas e sugestões de violeta próprias da casta dominante no seu lote. Na boca mostra uma estrutura poderosa, com taninos ainda algo vegetais por força da sua juventude, fruta saborosa, tosta bem integrada, numa prova que se faz em vagas de sabores destinados a durar na boca.
É sem dúvida um grande tinto, embora não esteja ainda em condições de poder mostrar toda a sua potencialidade — a Symington faz mal em colocar no mercado o seu topo de gama assim tão jovem. Deixemo-lo na garrafa durante mais alguns anos para que, então, se possa apreciar toda a garra, profundidade e classe deste belíssimo tinto do Douro.