Se é um apreciador ou defensor de vinhos tranquilos com álcool baixo, vinhos finos e frescos, pouco opacos de cor e sem grande pegada de madeira, então esta proposta não lhe interessa. Imagine um vinho que é o oposto de um tinto clássico da Borgonha - é disto que se trata. Poderemos encontrar avatares na Toscana ou no Douro, tintos poderosos e imponentes, que quase se mastigam, como se fossem feitos de uvas sem sumo. É um registo mais Novo Mundo - e também mundo novo -, assente no primado da exuberância e do músculo e na necessidade de colocar cedo o vinho no mercado, procurando responder também à vontade do consumidor de beber vinhos novos. Não há muita gente disposta a esperar dez ou 15 anos por um vinho.
Por sinal, dez a 15 anos é capaz de ser o tempo de vida útil deste Grande Rocim 2013. Pode até durar mais, mas precisava de ter bastante mais acidez (e a que tem já é muito boa) para poder viver em grande forma por muito mais tempo. Como está, com os seus 15% de álcool, é um tinto para ser apreciado e causar grande impacto nos anos mais próximos.
Tem tudo para fazer grande figura em concursos e deixar muitos críticos de boca aberta. Feito de Alicante Bouschet, é um vinho intenso, sólido, robusto, apimentado e saboroso. Um magnífico exemplo do grande potencial da casta Alicante Bouschet, uma variedade que precisa de amadurecer bem para perder alguma rusticidade.
Neste Grande Rocim, o topo de gama da Herdade do Rocim, só lançado nos melhores anos (o anterior foi da colheita de 2011 e ainda era mais alcoólico), não há ponta de rusticidade. Os taninos são maduros e a barrica está muito bem integrada. O vinho está, de resto, prodigiosamente equilibrado, apesar dos 15% de álcool. É por isso que quem quiser desfrutar da sua exuberância aromática e gustativa pode bebê-lo desde já. Vai adorar, porque o vinho está mesmo apelativo e impressivo.