Os seus estudos superiores são os de uma vida ligada às vinhas e aos vinhos. A adega é tradicional e os métodos de vinificação também. Não há nada de moderno no seu projecto, embora no mundo do vinho a tradição seja cada vez mais a verdadeira modernidade.
O seu reserva branco é feito de vinhas velhas, onde predominam castas como a Malvasia Fina, Gouveio e Códega do Larinho. Fermenta e estagia durante três anos em barricas usadas sobre as borras finas.
Quem em Portugal “esquece” um vinho branco durante tanto tempo em barrica? Numa época em que até os tintos são lançados no mercado quase acabados de fazer, esperar tanto tempo por um branco tem algo de gaulês irredutível. Mas é essa teimosia, essa paciência em nome da ideia de um vinho, que emociona em Fernando Faria e nos vinhos que produz.
O vinho não vai agradar a toda a gente, mas irá, de certeza, surpreender quem procura coisas diferentes, quem parte para a prova de um branco de mente aberta, sem preconceitos.
Como já aqui escrevemos a propósito do seu vinho de estreia, o reserva 2009, é um branco que faz lembrar os brancos do Jura, oxidados na cor, gordos, mas com uma frescura extraordinária. O seu lado oxidativo (notas químicas que nos fazem lembrar brancos fortificados, frutos secos, algum melado) surge bem consociado com sugestões de fruta branca e uma acidez que aviva e suporta bem todo o conjunto (e os 13,5% de álcool). Não temos dúvidas: este é um branco original, sem paralelo no país, e que vale mesmo a pena conhecer (e guardar).