O enólogo é Luís Seabra, ex-Niepoort que, além dos seus Xisto Cru, faz também, desde 2015, os vinhos Muxagat.
Pedro Coelho não é um vigneron, porque compra as uvas, mas os seus tintos e brancos são vinhos de terroir. Os brancos têm origem na zona de Carrazeda de Ansiães. O seu Colheita 2015, feito à base de Rabigato, Malvasia Fina e Códega do Larinho, é um branco de boa harmonia, nem muito frutado, nem excessivamente acerbo. Tem alguma madureza (fruta branca a par de algum citrino) e alguma finesse floral, é envolvente e elegante na boca e possui um bom frescor, embora não seja tão seivoso e mineral quanto o magnífico Reserva 2014 (já esgotado). Mas bebe-se muito bem.
Os tintos são provenientes de Soutelo do Douro, São João da Pesqueira, de vinhas situadas a cerca de 500 metros de altitude. Estão nos antípodas dos Douro opulentos, volumosos e carnudos que fizeram a imagem da região mas que, pouco a pouco, têm vindo a perder terreno. O primeiro Pormenor, de 2013, é um Douro com ares de Borgonha, a começar pela sua cor aberta. O 2014 é mais Douro, não renega o lugar (com grande tradição no vinho do Porto). Possui uma cor mais fechada e é um pouco mais denso, mas não foge do conceito criado por Pedro Coelho: contido de álcool (13,3%), austero, fresco, vigoroso e muito digestivo.
A madeira (usada) serviu apenas para estabilizar e oxigenar o vinho e tanto no nariz como na boca é um tinto muito limpo, vinoso e com uma frescura arrebatadora.
É um Douro de antigamente, quando os tintos desta região, feitos sobretudo pelas cooperativas, provinham das terras altas (as baixas estavam reservadas ao vinho do Porto) e eram pouco alcoólicos e suficientemente maduros. Também por isso, é um Douro do futuro.