E promete grandes resultados na nova aventura em comum, na Quinta das Bandeiras, propriedade de 100 hectares no Douro Superior que a família de origem sueca, mas com longas e intensas ligações ao Douro, adquiriu há poucos anos.
Este Grande Reserva de um ano fresco como foi 2009 é um vinho que vale muito a pena experimentar não apenas porque nos propõe um conceito contra a corrente do jogo (um vinho já com sete anos de evolução em barrica e na garrafa), mas porque nos proporciona uma faceta do Douro Superior no qual a elegância se opõe à intensidade da fruta, onde a frescura domina o volume e ameniza o poder da estrutura sempre imponente dos vinhos da sub-região mais quente duriense.
É óbvio que estas marcas de complexidade resultam em primeiro lugar da evolução do vinho ao longo dos anos, mas será um erro acreditar que são os aromas terciários, os que resultam do envelhecimento, que dominam o conjunto.
Pelo contrário, este vinho acusa ainda marcas fortes de fruta preta, embora enriquecidas por notas de urze, de tabaco e especiaria que lhe proporcionam um aroma muito atraente e razoavelmente intenso. Na boca, a mesma sensação de fruta bem balanceada por tanino seco mas não adstringente, e um final de boca limpo, fresco e irresistível.
Claro que há neste vinho a impressão digital de um dos enólogos mais interessantes e aplaudidos do vinho português, que nos deixa uma interpretação do Douro inspirada nos pergaminhos da região para a criação de vinhos de guarda.
Este Passagem está numa fase excelente para ser consumido — e é irresistível. Não é um prodígio de intensidade nem de complexidade, mas a sua precisão, a limpidez aromática e a definição na boca, a sua harmonia ou a frescura que deixa na boca são por si só atributos mais do que suficientes para lhe prestarmos a devida vénia.