Mas não foi capaz de consolidar uma imagem de grande qualidade, como a que tem, por exemplo, na produção de Porto vintage e Tawny colheitas.
Os brancos e tintos que faz no Douro, a partir das propriedades de Vale de Cavalos (Douro Superior) e Santa Bárbara (Cima Corgo), são bons, são bem feitos, mas estão longe do prestígio alcançado pelos vinhos de outras empresas do vinho do Porto, como a Ramos Pinto, com os seus Duas Quintas, ou a Symington, com o Vesúvio e o Chryseia (este em parceria com Bruno Pratts).
Talvez por isso, em 2016, a empresa decidiu contratar um consultor estrangeiro, para afinar melhor o perfil dos vinhos. A escolha recaiu no francês Hubert de Bouard (co-proprietário e enólogo principal do famoso Château Angelus, em Saint-Émilion, e dono também do Château La Fleur de Bouard, em Lalande-de-Pomerol) e no seu braço-direito, o luso-francês Phillippe Nunes. Os dois prestam consultoria a cerca de 80 produtores da zona de Bordéus.
Os primeiros vinhos que contaram já com o contributo dos novos consultores foram apresentados no final do ano e, em relação a colheitas anteriores, não se vislumbrou nenhuma ruptura, até porque tanto Hubert como Phillipe gostaram do que encontraram. Mas, sobretudo no Poças Reserva Tinto 2014, é notória uma maior precisão aromática e uma maior elegância na prova de boca. A integração da madeira (foram usadas barricas novas) está mais cuidada e o resultado é melhor.
Surge tudo muito bem integrado e nada se sobrepõe. Há um bom equilíbrio entre álcool e acidez e a expressão da fruta (preta e vermelha) não aparece mascarada pela madeira, que enriqueceu o vinho com notas especiadas. É um registo típico do Douro, na sua grande expressividade e riqueza, mas com mais finesse e aprimoramento. Um belo vinho, guloso e muito digestivo.