Vale a pena regressar aos Quinta dos Aciprestes, uma marca da Real Companhia Velha que deu brado no final dos anos de 1990 e que entretanto caiu num relativo esquecimento.
Vale a pena voltar aos vinhos dessa quinta emblemática com 100 hectares de vinhas plantadas ao alto mesmo em frente à Foz do Tua (onde a EDP conclui a barragem que dá um toque de pesadelo à maravilha da paisagem) não só porque os vinhos são bons, mas, principalmente, porque são vinhos com uma identidade e um carácter que merecem exaltação.
Na gama dos Aciprestes há cinco vinhos assinados por Jorge Moreira que vão desde o Colheita, o Reserva e o Super Reserva aos monovarietais feitos com Sousão e Touriga Nacional. Se o Colheita de 2015 (7,90 euros/87 pontos) é um belo vinho, cheio de juventude e fulgor, do Reserva para cima entramos num domínio que serve uma vez mais para situar a Real Companhia como uma das grandes criadoras dos Douro da nova geração. O Reserva de 2015 (15 euros/90 pontos) é muito original, mostra boa complexidade e com um par de anos de garrafa valerá muito bem o preço que ostenta.
O Touriga Nacional de 2013 (40 euros/92 pontos) é um primor de elegância e delicadeza (um vinho feminino), com notas florais e boca aveludada. O Sousão de 2012 (40 euros/94 pontos) é um vinho de alma e garra, com notas balsâmicas a temperar aromas de fruta ainda muito vívidos e um final de boca longo e magnífico.
Entre todos os Aciprestes, o que melhor exprime a quintessência do lugar talvez seja o Grande Reserva. É claramente um vinho de boutique, pela sua definição e pelo preciosismo da sua componente aromática. Notas florais, fruta de qualidade, sugestões de chocolate branco num conjunto aromático que nos mostra um Douro diferente e muito original. Na boca apresenta uma textura deliciosa, que evoluiu em ondas ao longo da prova, desde o domínio inicial da fruta a um final quase crocante e com uma enorme frescura. Um grande vinho com a marca de um grande enólogo e de uma empresa que não pára de nos dar boas notícias.