Os vinhos da Quinta Dona Matilde só estão no mercado há dez anos, mas a ligação ao vinho desta propriedade histórica do Douro de 93 hectares já vem desde a primeira demarcação pombalina, de 1756.
Está na posse da família Barros desde 1927, apenas com um interregno de uns meses pelo meio. Em 2006, todo o grupo Barros & Almeida, incluindo a quinta Dona Matilde, foi vendido à espanhola Sogevinus. Seis meses depois, Manuel Ângelo Barros, um dos accionistas e neto do fundador, recomprou a propriedade, retomando a sua ligação ao Douro, agora mais focada na produção de vinhos DOC.
A estreia deu-se em 2007 e o impacto não foi grande. O branco pecava por algum excesso de álcool e o tinto era, estranhamente, demasiado austero, algo rústico até, apesar de a maior parte dos 28 hectares de vinha da quinta ser bastante velha. Passaram dez anos e o Reserva Tinto 2007 está agora extraordinário, com exaltantes notas mentoladas e um final fresco e picante. Um vinho sério. O Reserva 2008 é um tinto menos encorpado mas com uma elegância e uma frescura ainda mais refinadas. É um tinto que tem um avatar no Reserva 2013, acabado de lançar. Igualmente contido de álcool (13,5%), confirma o padrão austero e fresco da quinta.
É um estilo pouco Douro (no sentido em que não é muito extraído e frutado) mas muito interessante. O uso da barrica foi judicioso, permitindo uma boa limpidez da fruta (negra, sobretudo) e uma boa definição da componente mineral do vinho.
O ano de 2013 não tem sido muito saudado no Douro. Os vinhos são mais delgados, não impressionam tanto, mas têm uma grande virtude: são muito mais frescos do que é habitual. É o caso deste Dona Matilde. Como todos os anteriores, precisa da comida certa para mostrar o seu grande potencial. E de tempo, já agora.