Márcio Lopes é um jovem e irrequieto enólogo do Porto que faz vinhos nas regiões do Vinhos Verdes e do Douro e se prepara para começar a produzir também na Ribeira Sacra, na Galiza.
Tudo em pequenas quantidades e a partir de vinhas com alguma idade e tratadas de forma orgânica. Este Pequenos Rebentos Loureiro Vinhas Velhas Edição Limitada 2016 provém de uma vinha com 28 anos. Não é uma vinha assim tão velha como isso, mas ultrapassa o tempo útil de vida estimado oficialmente para uma vinha, que é de 25 anos. Foram cheias apenas 733 garrafas.
Não é com quantidade destas que a região dos Vinhos Verdes pode crescer, mas são vinhos como este que podem ajudar a melhorar a imagem e a percepção do consumidor sobre os vinhos verdes. Por mais comunicados que a Comissão Regional Vitivinícola publique a anunciar sucessivos aumentos de vendas, os vinhos desta região (como de outras do país, claro) continuam presos à ditadura do preço baixo. Em mercados com maior poder de compra, chega a ser mais fácil vender um branco caro sem indicação de origem do que com o símbolo Vinho Verde.
Este Pequenos Rebentos custa 17 euros e merece-os bem. Não por ter estagiado seis meses em barricas usadas provenientes de Puligny-Montrachet. Seis meses de estágio é pouco tempo e o nome “Puligny-Montrachet”, apesar de famoso, não garante nada em matéria de barricas usadas. De resto, quem ler o contra-rótulo antes de provar o vinho até pode ficar algo desiludido, porque tenderá a imaginar um vinho gordo, à semelhança dos Chardonnay de Puligny-Montrachet. E o que encontra é um vinho quase nos antípodas, finíssimo, com uma frescura limonada salivante. Ainda bem. Trata-se de um Loureiro mais verde, mais delgado, mas com uma expressão mineral e uma frescura estupendas. É um branco que cresce de forma notável ao longo da refeição e que promete também melhorar ainda mais nos próximos tempos.