Ainda falta saber se há mercado para tanto rosé, mas o sector nunca esteve tão activo neste segmento como agora. A oferta é enorme e diversificada. Há rosés de sangria, feitos como brancos, com fermentação e estágio em barrica, com muito e pouco álcool, de castas tintas e até de castas tintas e brancas, como é o caso do vinho em destaque esta semana, o Head Rock 2016.
Os vinhos Head Rock têm origem em vinhas de granito situadas em Arcossó, na zona de Vidago, uma das sub-regiões de Trás-os-Montes. A adega, pequena, fica em Nuzedo, Vila Pouca de Aguiar. O projecto teve início em 2008 e os primeiros anos revelaram alguma inconsistência na qualidade dos vinhos. Agora, já com André Bastos, o filho do proprietário, e o enólogo Pedro Pereira, ambos jovens, a assumir a adega, os brancos, tintos e rosados Head Rock começam a mostrar todo o seu grande potencial. Os brancos distinguem-se pela sua enorme frescura mineral, os tintos precisam de tempo mas mostram grande estrutura e tensão. Os rosados são uma novidade e, a avaliar por este 2016, têm tudo para dar que falar.
Feito de Touriga Nacional (85%) e Alvarinho (15%), foi prensado levemente antes de fermentar e estagiar durante cerca de cinco meses em barricas de segundo uso. É um rosé com um aroma exaltante (frutos vermelhos e algum cítrico, notas florais frescas, leve toque fumado), de boa estrutura e textura (entre o sedoso e o rugoso), muito suculento e sedutoramente fresco. O casamento Touriga Nacional-Alvarinho resulta em cheio e a passagem pela madeira não o desequilibrou, nem mascarou. Pelo contrário, enriqueceu-o, colocando-o num patamar qualitativo alto. É um rosé sério, um dos melhores que já provámos este ano, e com potencial para aguentar mais um ou dois anos. Muito bom, até no preço.