A Castelão, que ao longo do tempo já foi chamada de Periquita, João Santarém e Castelão Francês, continua a ser uma das castas tintas mais cultivadas no Sul do país, em particular no Alentejo e na Península de Setúbal.
Mas, nos últimos anos, têm vindo a regredir e a perder alguma notoriedade para variedades indígenas como a Touriga Nacional ou, pior, para estrangeiras como a Syrah ou a Petit Verdot. E é uma pena, porque a Castelão, no solo certo (arenoso e seco) e no clima certo (mais quente), dá vinhos extraordinários e muito actuais. Tintos concentrados mas ao mesmo tempo muito expressivos de aroma e com uma grande e refrescante acidez.
A marca distintiva destes vinhos está na sua exuberância aromática, sublinhada por notas joviais de groselha e mirtilos. É um aroma muito fresco que faz lembrar alguns Pinot Noir mais jovens. Na boca, quando maduros, são macios. À medida que envelhecem (e envelhecem bem), vão ganhando notas de caça. Pelas suas características, são vinhos muito modernos, agradabilíssimos de beber.
Os melhores são aqueles que têm origem em vinhas mais velhas, como é o caso deste Quinta do Piloto Colecção da família Tinto 2013, de Palmela, um Castelão de roupagem moderna, muito afinado e pouco rústico. Nesta fase, as notas de madeira, resultado de um longo estágio em barrica, ainda estão um pouco presentes, mas não ao ponto de ofuscar a essência da casta, com os seus aromas muito vivos a frutos silvestres. Sensações que se prolongam na boca, onde a fruta ganha um carácter mais agridoce. Depois de um ataque mais largo e envolvente, o vinho vai afunilando de forma subtil em direcção ao centro da boca e ganhando amplitude, amparado por taninos elegantíssimos e por uma bela acidez, que compensa bem os 14,5% de álcool. Muito bom. Foram cheias apenas 950 garrafas.