Se não aprecia vinhos fermentados e estagiados em barrica, pode não ficar deslumbrado com o novo João Portugal Ramos Alvarinho Reserva 2015. Se espera encontrar aquela pureza, definição e exuberância aromática típicas dos grandes Alvarinho, aquela frescura virginal que nos deixa a salivar, em que nada macula a vivacidade das sensações primárias, é possível que torça o nariz. Pelo menos, ao primeiro copo. Depois, percebe-se que a essência está lá e que a barrica serviu apenas para dar mais amplitude ao vinho, para o “engordar” e para suavizar a sua elevada acidez natural. Quando a marca da barrica – bem integrada, por sinal – se dilui na nossa percepção inicial, sobra toda a riqueza gustativa da casta Alvarinho: o frescor mineral, as sensações cítricas delicadas, o sabor vivo e amplo.
É um grande vinho, em resumo, mas não é ainda um vinho acabado. Está claramente naquela fase de transição, entre o arrebatamento efusivo da nascença, mais dominado pelos aromas da fruta, e a emergência dos primeiros sinais da evolução em garrafa, quando começa a sobressair a parte mais química do vinho e este começa a complexar. A madeira nota-se, sobretudo, no aroma e na entrada de boca, quando o vinho se mostra mais gordo e texturado. Mas, no final de boca, o que sobressai já é a vivacidade agridoce da casta Alvarinho, a frescura natural da zona de Monção.
O que o vinho já mostra agora sugere-nos que irá ter uma evolução virtuosa e duradoura. Porque tem um belíssimo equilíbrio, um bom balanço entre fruta madura e acidez e, melhor ainda, não possui vestígios de açúcares redutores desagradáveis, tão comuns em muitos Alvarinho. Apesar de não corresponder a nenhuma ruptura conceptual em relação que já existe, é um Alvarinho sério, bem feito, ainda com uns anos pela frente até atingir a sua plenitude, mas que já proporciona um imenso prazer. João Portugal Ramos chegou há pouco tempo a Monção, mas dá mostras de não ter ido para o Minho para brincar aos vinhos e às experiências.