Já aqui tínhamos destacado o Ninfa Maria Gomes 2015, um branco proveniente de vinhas novas plantadas no sopé da serra dos Candeeiros, em Rio Maior. Nenhum ano é igual, mas, no essencial, ou seja, na estrutura geral do vinho, a começar pelo perfil aromático, o 2016 segue na mesma linha e confirma a boa memória que o anterior tinha deixado, sobretudo pelo seu imenso frescor.
A casta Maria Gomes, também conhecida por Fernão Pires, é a variedade branca mais plantada em Portugal. Amadurece cedo e as suas uvas são muito saborosas, doces mas com boa acidez, desde que não sejam colhidas fora de tempo. Neste vinho, percebe-se que as uvas foram colhidas no tempo certo de maturação. O aroma não é muito fresco, até porque a natureza argilo-calcária da vinha confere ao vinho uma certa calidez. Mas também não tem aquela parafernália de sugestões tropicais exuberantes e fastidiosas. É um aroma contido e delicado, dominado por deliciosas notas florais. Na boca, volumosa, já impera mais a fruta, tipo pêssego branco.
É, em resumo, um vinho muito saboroso e harmonioso. Um vinho preciso, com uma boa textura (até parece que passou por barrica, embora tenha estagiado apenas em inox) e que se revela em crescendo. Não parece tão seivoso como o 2015, embora não tenha menos acidez (está é mais diluída no excelente corpo do vinho). O 2015, sobretudo na boca, até parecia saído dos campos húmidos do Noroeste, de tão fresco. O 2016 surge mais vinculado ao lugar, de clima mais mediterrânico, e nem por isso está pior, porque continua a ser bem balanceado no álcool e na acidez e a revelar uma excelente expressão mineral. Um branco que vale a pena conhecer. Em Rio Maior, nem só o pão é bom.
Ninfa Maria Gomes 2016
João M. Barbosa
Rio Maior
Castas: Maria Gomes
Graduação: 13% vol
Região: Tejo
Preço: 8,95€