Fugas - Viagens

Vasco Célio

Aquashow, licença para regressar à infância

Por Inês Sequeira

Inês Sequeira escalou a montanha-russa, brincou na piscina de ondas, experimentou todos os escorregas e mais alguns, deitou o olho ao show de araras e ainda se rendeu aos sabores da fast food. Foi você que pediu um dia bem passado num parque aquático? Aqui está ele

Especial: 10 Viagens em Família
 

Tuc tuc tuc tuc tuc... Lá vamos nós a subir muito devagarinho e esticamos bem o pescoço para espreitar a curva do carril da montanha russa lá no alto, olhamos para baixo e vemos as piscinas do parque aquático, com a planície algarvia à volta.

Tuc tuc tuc tuc tuc... Cinto de segurança bem encaixado mas mãos agarradas com toda a força à frente, não vá o diabo tecê-las e este "cume da montanha" que parece nunca mais chegar. Cinco, quatro, três, dois, um agora é que vão ser elas. E finalmente: aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhh!, estamos a cair pela montanha abaixo, o grito vem lá do fundo e não é tão assustador assim, mas é tão bom ter uma razão perfeitamente válida para gritar a plenos pulmões...

É uma espécie de licença para regressar à infância. Splash!, o carrinho entra na água e ficamos molhados até à cintura, o carril inicia nova subida e agora descemos rumo ao túnel escuro, de repente voltamos à luz do dia... Mais um splaaaash! valente e chegamos ao fim valeu a pena aquela espera numa fila que nunca mais acabava, para sete ou oito minutos de alguma adrenalina.

A montanha-russa é uma das diversões mais procuradas no Aquashow Family Park, um parque aquático ao pé de Quarteira, concebido para atrair as famílias e outros turistas que vão de férias para o Algarve. A grande maioria dos divertimentos é acessível para crianças ainda pequenas, a altura também é um critério limite, mas mesmo com menos de quatro anos os mais novos já podem experimentar alguns escorregas. Na montanha-russa aquática, por exemplo, podem andar miúdos com mais de seis anos e 1,20 metros de altura.

Aqui, na área temática do Aquashow (que no próximo ano vai ganhar outras atracções, mas já lá vamos), podemos experimentar ainda outras atracções, como o Top Swing (uma roda que parece um pêndulo gigante), mas para já preferimos avançar para a zona das piscinas. Afinal, em dias de calor apertado como este, apetece mesmo é ter água, muita água à volta. E isso não falta.

Depois da adrenalina da "maior montanha russa aquática da Europa" como publicita o folheto de apresentação do Aquashow podemos ir descansar na piscina das ondas. Olhada cá de fora, esta piscina faz lembrar uma colónia de focas sentadas em bóias amarelas gigantes... Bem, sem a gordura, os guinchos e as lutas, apenas a parte da descontracção e a sensação de que são muitas, muitas "focas" languidamente à espera de que tenha início a ondulação.

Devagar, devagarinho, começam a formar-se ondas baixinhas. Boa! Vai ser agora! A agitação vai começar! E de repente ouvimos uma vozinha de oito anos insistente e um pouco assustada: "Quero sair daqui!"

Atenção às crianças

Pois, estar em família num parque aquático (e é assim que sabe bem estar) implica não nos esquecermos da criançada. Até podemos fingir que voltámos a ser crianças por um dia, mas aquela vozinha insistente traz-nos sempre de volta à realidade: ups!, há ali uma criança verdadeira, daquelas com oito anos acabados de fazer e decidida q.b. a ser autónoma e independente, por quem temos de olhar com muita, muita atenção.

E por isso a segurança dos mais pequenos tem de ser uma prioridade máxima dos pais ou familiares, temperada de acordo com as idades: os vigilantes do parque não são baby-sitters e não têm mãos a medir entre a misturada de adultos e crianças que devem vigiar. Os parques aquáticos são hoje bem mais seguros do que há alguns anos, mas os perigos de afogamento continuam a existir.

Especialmente para os mais pequeninos, uma bóia e umas braçadeiras podem ser ajudas bem-vindas. É também necessário ter atenção para que não se percam. Os apitos do pessoal do parque fazemse ouvir constantemente, mas não substituem um par de olhos atentos à prole.

É para essas situações que pode ser útil a piscina infantil, um espaço grande rodeado por zonas de repouso, com cadeiras e toldos. A água dá-nos (e dá à criançada) pelos joelhos, mas é isso que se espera, uma vez que o espaço foi concebido à altura das crianças. Tem meia dúzia de escorregas onde os adultos estão proibidos de andar (a não ser que seja para levar as crianças mais novas ao colo), e é possível apanhar um pouco de sol enquanto os mais pequeninos fazem amizades.

Por outro lado, a piscina infantil pode ter um efeito "negativo": pode obrigar-nos também a aprofundar as capacidades de negociação. É que pode tornar-se tão agradável que os mais novos não querem experimentar mais nada e preferem dedicar uma boa parte da tarde ao mini-escorrega onde fizeram uma nova amiga. Aí, ou recorremos ao suborno do gelado e somos bem sucedidos ou então há que saber fazer concessões. Simplesmente, não podemos obrigar uma fi gura com pouco mais de um metro de altura a acompanhar-nos num escorrega gigante, mesmo quando já têm mais do que idade e estatura para isso cada um dos equipamentos tem à entrada uma placa com os critérios mínimos de utilização.

Sem baby-sitter profissional (que o parque não disponibiliza) ou improvisada, há que fazer cedências. Em vez de mergulharmos os três pelo escorrega da Wild Snake abaixo (uma serpente verde e amarela que domina o cenário do Aquashow), mãe e filha numa bóia de dois lugares e o pai numa das individuais, avança-se sozinho: quatro ou cinco voltas pelo interior escuro e quente do "monstro", uns rápidos ziguezagues no final e saída para a água fresca cá em baixo. Ufa!, valeu pelo grito no escuro... Escorrega após escorrega, piscina atrás de piscina, a receita repete-se: fi-las para todos, em quase todos muitos minutos de espera. Nem o Rio Lento (com uma corrente lenta, mesmo muito lenta) escapa. Mas vale a pena esperar pacientemente pelos escorregas gigantes e largos (baptizados de Pistas Brandas), onde chegar ao fim na mesma posição do início é o mais difícil. Ou para quem gosta de mais adrenalina, a White Fall: aquele escorrega que parece um guardanapo branco gigante dobrado ao meio, com uma descida de quase 90 graus realizada com uma bóia.

Fruta? Hambúrgueres

Se quisermos comer uns pêssegos sumarentos à beira da piscina, o melhor é trazer de casa. A comida é uma razão óbvia para fazer uma pausa e fugir do calor que já aperta, mas a oferta nos três ou quatro pontos de restauração espalhados pelo parque está infelizmente limitada a comida rápida: hambúrgueres, cachorros-quentes, sandes, batatas fritas, algumas saladas... A pequenada costuma aplaudir, os mais velhos rendem-se às tentações do fast food por um dia. Há também bifanas no pão, mas fomos os únicos clientes à hora do almoço, por isso os vencedores são sem dúvida os hambúrgueres e companhia. No início da tarde, podemos aproveitar para passear pela área temática. É que o Aquashow, apesar do nome, não é apenas água, e tem uma zona "seca" que está a investir em força no aumento de divertimentos.

É nessa área que acontecem os espectáculos de araras, de aves de rapina e de répteis, várias vezes por dia (o melhor é anotar as horas de início para não perder o show), que certamente vão divertir a criançada. Outra visita que pode ser interessante é o Museu da História de Portugal, com figuras de cera que retratam personagens e cenários importantes da vida do país, e que no próximo ano promete ganhar novas tecnologias interactivas. Há ainda passeios de comboio quando está demasiado calor para andar.

As fotografias vão-se também sucedendo em vários divertimentos a primeira é logo à entrada com uma arara de ar desconfiado mas muito pacífica ao ombro, outra ao pé de uma das mascotes do parque que imita uma gota de água gigante (coitado de quem a veste!), outra ainda tirada ao longe na montanharussa mas acontecem de uma forma não intrusiva. Quem quiser comprar à saída, está à vontade.

Aquashow Family Park
Semino, En 396 8125-303 Quarteira Tel.: 289 389 396 aquashow@aquashowpark.com http://www.aquashowpark.com

Preços (2011)
Época alta (1 de Junho a 15 de Setembro): criança dos 5 aos 10, 15€ | adultos dos 11 aos 64, 25€ | seniores + 65, 15€ | crianças até 4 anos, grátis

Horários
Abre sempre às 10h00. Fecha às 18h00 de 1 a 30 de Junho (e de 1 a 15 de Setembro). Às 18h30 de 1 de Julho a 31 de Julho. Às 19h00 de 1 a 31 de Agosto. 

Como chegar
ara quem chega vindo da A2 ou da EN125, a saída para o parque é em direcção a Quarteira, pela EN396 (que liga Loulé à cidade algarvia). O parque aquático fica em Semino e avista-se muito bem da estrada, logo à entrada de Quarteira.

Onde ficar
A partir de 1 de Junho de 2011, começa a receber hóspedes o novo Aquashow Park Hotel, integrado no parque aquático.
Outra opção é o Hotel Quarteira Sol, que tem uma ala de três estrelas e outra de quatro estrelas. Mas a oferta de alojamento em Quarteira é muito variada, incluindo a zona de Vilamoura, que fica ali muito próxima. Nesta época, o melhor será procurar alojamento com alguma antecedência, uma vez que as taxas de ocupação são mais elevadas. Quanto às refeições, restaurantes não faltam, incluindo muitos especializados em grelhados. Na zona de Almancil e de Vilamoura a oferta também é vasta.

A Fugas esteve em Quarteira a convite do Aquashow

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