Fugas - Viagens

Ana Banha

Vamos fazer amigos no Monte Selvagem

Por Bárbara Wong

São répteis, aves e animais de todo o mundo e estão concentrados numa reserva animal no Alentejo. Esta é a altura ideal para pegar na família e visitá-la

Especial: 10 Viagens em Família
 

Há espécies ameaçadas, como o macaco-aranha ou o chital, uma espécie de veado indiano. Outras mais banais, como o porco ou o burro. Outras mais exóticas, como a iguana ou os nandos albinos. Outras ainda que os mais pequenos conhecem bem, como os lémures - e eles não resistem a imitar o rei Juliano e Maurício, duas personagens do filme "Madagáscar", a falar e a dançar: "I like to move it, move it". O Monte Selvagem é uma reserva natural, situada a cerca de 30 quilómetros de Évora, onde podem ser vistas centenas de espécies animais da água, da terra e do ar.

É certo que nesta época do ano o calor do interior alentejano é um pouco menos suportável mas a verdade é que esta é a melhor altura para visitar o Monte Selvagem se quiser andar à vontade, sem filas nem crianças das escolas e colégios das cidades ao molho em frente a cada um dos animais. Depois, há sempre uma sombra onde pode ficar e observar as espécies.

O convite é para que faça um percurso pedestre e/ou um percurso de tractor o ideal é que faça os dois! Depois de comprar o bilhete recebe um mapa onde pode seguir o caminho aconselhado ou decidir criar o seu. Obediente, a Fugas seguiu o caminho aconselhado e foi descobrindo as aves, os pequenos mamíferos, depois os primatas.

Apesar de todos os animais terem nascido em cativeiro o Monte Selvagem só aloja animais excedentes de santuários, parques zoológicos ou animais encaminhados por entidades oficiais, como o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade e a Direcção Geral de Veterinária, e de a maioria nunca ter experimentado as temperaturas dos locais de origem das espécies, a verdade é que muitos sentem o calor alentejano. Os macacos japoneses, por exemplo, optam por ficar à sombra das enormes construções de madeira feitas propositadamente para que brinquem e se balancem de um lado para o outro; os iaques preferem as sombras dos sobreiros.

Junto à cerca que rodeia cada grupo de animais é possível ficar a conhecer algumas das suas características e curiosidades. Sabia que o macaco-aranha foi assim baptizado porque tem os membros longos e magros que lembram as pernas de uma aranha? E que o macaco-cauda-de-leão tem um armazém nas bochechas onde guarda os alimentos que recolhe para os comer mais tarde?

O Monte Selvagem é também um projecto pedagógico e científico. A parte mais visível são as placas que identificam as espécies e têm curiosidades sobre cada uma delas. Além disso, há ateliers para as crianças, onde elas aprendem, através da diversão, a conhecer e a preservar o planeta. Sem esquecer os ecopontos, escondidos em enormes caixas feitas de madeira, onde todos podem reciclar.

Ao longo do caminho, que deve ser feito com toda a calma, não só por causa do calor, mas porque os mais novos encontram sempre pormenores que querem explorar, há balouços feitos de velhos pneus ou apenas de madeira e cordas; há escorregas e também casinhas de madeira no topo das árvores. Lá de cima, podem ver-se os mochos, os pavões e a quintinha onde estão os tradicionais animais da quinta, das galinhas às ovelhas, das cabras aos porcos. E de repente ouve-se o zurrar dos burros.

Saltar no trampolim gigante

Os mais pequenos podem fazer passeios há três percursos à escolha mas o que os delicia mais ainda é o trampolim gigante, a última aquisição do parque. Mesmo junto à partida dos tractores para uma visita a um espaço de 12 hectares, onde os animais estão em liberdade, pais e filhos saltam no enorme trampolim às riscas verdes e amarelas.

Com capacidade para acolher pessoas com menos de 85 quilos e sem sapatos calçados, sobe-se com todo o cuidado até à parte mais plana do trampolim e depois é sentir o friozinho na barriga de cada vez que se sobe no ar, com a certeza que se vai cair e voltar a voar, de braços abertos, risos e gritos incontroláveis. Mais uma vez convém lembrar que se estiverem centenas de pessoas no parque é impossível usufruir do trampolim pelo menos até ficarmos tão cansados que, mesmo parados, continuamos a sentir as pernas a fazer o movimento dos saltos.

Dez minutos antes de cada visita ao Parque Grande do Mundo, ou seja, ao espaço que só pode ser visitado de tractor, ouve-se um aviso pelos altifalantes do parque. Esta visita tem a duração média de meia hora e cabem 50 pessoas nos dois atrelados que o tractor puxa. Se quiser, antes de chegar ao parque pode marcar a hora a que quer fazer a visita, de maneira a evitar as filas e a ter prioridade no passeio. Quando entrar no atrelado, evite os lugares da frente para não apanhar com toda a poeira que a máquina vai fazendo ao longo do caminho.

Antes de a viagem começar, há tempo para conhecer alguns dos animais que ali moram através dos seus ovos. O motorista e cicerone dá a conhecer alguns dos ovos das espécies que podem ser avistadas. A avestruz põe um ovo gigante onde cabem 12 ovos de galinha, informa António, mostrando o enorme ovo a todos os que estão sentados nos dois atrelados. Segue-se o ovo do nando, da família das avestruzes, e por fim o da ema, verde-escuro.

O balanço do tractor é interrompido de cada vez que António desliga o motor, frente aos animais, para contar as suas histórias. Uma das razões por que sabe que aquelas espécies, apesar de não estarem no seu habitat natural, estão bem é porque se reproduzem, afirma e depois enumera a quantidade de animais que já nasceram no Monte Selvagem.

Diogo Gouveia, proprietário do parque, lembra que todos os animais nasceram em cativeiro e que nunca conheceram outras temperaturas que não sejam as do Alentejo e dá o exemplo dos iaques, das montanhas do Tibete, onde as temperaturas podem chegar aos 40 º negativos, e que vivem ali com 40 º positivos. E lá estão eles, deitados, ao lado das vacas vatusi e dos elandes, duas espécies de origem africana.

As zebras e as suas riscas atraem os mais pequenos, bem como as enormes aves que põem aqueles ovos que viram antes da viagem. É nesse momento que ficam também a saber que são os pais que chocam e as mães que defendem os ovos.

A viagem chega ao fim e ainda há muito parque para ver e para explorar. Como se pode passar lá um dia inteiro, o Monte Selvagem tem um bar que oferece refeições rápidas (incluem sopa e um prato, com doses para adultos e para crianças) e uma esplanada toda de madeira, debaixo de um telheiro fresco, de onde se podem ver os animais soltos no Parque Grande do Mundo, mas também os passarinhos que vêm roubar umas migalhas às mesas.

Existe ainda um parque de merendas com mesas e bancos corridos, todos feitos de madeira, e sombras, muitas sombras para ficar. Com uma média de 50 mil visitantes por ano, são muitas as famílias que repetem a visita, conclui Diogo Gouveia.

Monte Selvagem
Monte do Azinhal, Lavre, Montemor-o-Novo
Tel.: 265 894 377
Email: geral@ monteselvagem.pt
Internet: www.monteselvagem.pt

Preços (2011)
Crianças até dois anos: grátis
Crianças dos três aos 12 anos: 9,50 euros
Dos 13 aos 64 anos: 12 euros
Seniores (a partir dos 65 anos): 10,50 euros
Família (dois adultos e duas crianças): 36 euros
Preços especiais para grupos

Horários (2011)

de Fevereiro a Março: 10h00 às 17h00
de Abril a Outubro: 10h00 às 19h00
Encerra às 2ªfeiras, excepto se feriado ou ponte. A bilheteira fecha sempre 1 hora antes do fecho do parque.
Novembro, Dezembro e Janeiro: Encerrado ao público, abrindo para grupos (mais de 20 pessoas), mediante marcação prévia.

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