Antes de mais, um parêntesis para explicar que há duas cidades distintas, Miami (de onde nos atrevemos a destacar o pedaço de Cuba que é Little Havana) e Miami Beach, sendo que é para esta última que normalmente o nosso imaginário remete. É em Miami Beach que estão todos os clichés que quisermos - loiras esculturais e homens musculados a correr na marginal, luzes de néon de todas as cores, carros cheios de estilo, música e ritmo e uma humidade que se cola à pele. Miami Beach tem isto tudo em doses hiperbólicas mas também tem centenas de edifícios Art Déco muito bem conservados (há um roteiro organizado para quem quiser explorá-los) e tem Frank Gehry na New World Symphony, um espantoso edifício que abriu portas em Janeiro e onde está sedeada a única academia americana que forma músicos para orquestra.
Miami Beach é, pois, uma cidade que pode ser lida para além de uma suposta superficialidade. Mas, e voltamos aos clichés, é difícil escapar ao magnetismo de Ocean Drive, essa mítica avenida paralela à praia bordejada de bares, hotéis e restaurantes, ou de South Beach, a praia mais concorrida do pedaço, onde a palavra de ordem é ver e ser visto - o mais possível.
Se formos vistos no Nikki Beach, o mais famoso clube de praia do mundo, melhor ainda. Tem fama, mas também tem proveito. Nós chegamos em cima da hora de almoço, o mar azul-turquesa está a dois passos, e a pressa de cairmos naquele caldo de águas calmas impede-nos de prestar a atenção que se impõe à sala interior - que a esta hora está meio na penumbra, já que o que mais interessa está lá fora. O Nikki Beach é uma bela esplanada em tons de branco, feita de mobiliário de madeira e vime, onde repousam grandes almofadões e toalhas cor-de-laranja, com coqueiros a polvilhar o acesso à praia. Serve requintadas refeições, com preços a condizer - desde lagosta até caviar do mar Cáspio a 450 dólares (314 euros) cada duas onças (cerca de 60 gramas). Mas nem tudo são más notícias: há pizzas a partir de 15 dólares (10,40 euros) e sushi até um máximo de 17 dólares (11,80 euros).
Pela parte que nos toca, perfeito, perfeito, seria se pudéssemos comer tranquilamente esta padella (um parente da paella que, em vez de arroz, leva linguini, preços a partir de 36 dólares, 25 euros, mais coisa menos coisa) sem que tivéssemos de correr para haver tempo para o mergulho da despedida. Não podemos ter tudo: temos Miami, temos Nikki Beach, temos uma caipirinha na mesa - e por isto tudo temos que correr para o mar, entre a entrada e o prato principal, que leva o seu tempo a preparar. Mergulhamos à pressa e queremos congelar este instante de água morna. Não dá: há um avião de regresso a Lisboa à nossa espera.
Quando ir
A Florida tem um clima semelhante ao dos trópicos. E isso quer dizer que tem basicamente duas estações. De Novembro a Abril, as temperaturas são mais baixas e há menos humidade e chuva. No Verão, que aqui quer dizer mais ou menos de Maio a Outubro, as temperaturas sobem imenso, mas aumentam também as probabilidades de haver tempestades. E não esquecer a época de furacões, que aqui atinge o seu auge algures em Setembro. A Fugas esteve na Florida em Junho e praticamente todos os dias enfrentou um calor tórrido.