Fugas - Viagens

  • Cabo Verde em alta (Ilha do Sal, na foto)
    Cabo Verde em alta (Ilha do Sal, na foto) Pedro Cunha
  • Em ano grande, o Brasil continua nas preferências dos portugueses (na foto: Praia do Forte, Salvador da Bahia)
    Em ano grande, o Brasil continua nas preferências dos portugueses (na foto: Praia do Forte, Salvador da Bahia) Daniel Rocha

Cabo Verde e Brasil estão no topo das preferências dos portugueses para o Verão

Por Ana Rute Silva

Viajar já é um bem de primeira necessidade, asseguram operadores e agências de viagens, que dizem estar a assistir a uma “recuperação moderada” do mercado.

No mapa de férias dos portugueses não haverá, este Verão, grandes desvios nem aventuras. Os destinos mais procurados mantêm-se como os best-sellers: Cabo Verde, Brasil, Caraíbas ou Turquia são as férias que os portugueses mais compram aos operadores turísticos, que oferecem pacotes de voo, hotel e (muitas vezes) regime de tudo incluído a preços competitivos. E apesar da redução do orçamento, viajar “é o verbo”, diz Alberto Machado, porta-voz da Abreu.

“Os portugueses valorizam a identificação cultural, daí Cabo Verde e Brasil estarem entre os destinos preferidos”, afirma, acrescentando que, hoje, viajar “é um bem de primeira necessidade” para os consumidores. À lista, Rogério Cardoso, director de marketing da Es Viagens (empresa do grupo Espírito Santo, dona da Top Atlântico) soma São Tomé e Príncipe, ilhas espanholas e Cuba, para onde este Verão haverá novos voos charter directos operados pela Euroatlantic. “Os portugueses são muito tradicionais”, diz , explicando que as viagens até à Disneyland Paris também estão no topo das preferências, sobretudo, na Páscoa.

Os operadores ainda estão a “apalpar terreno” e 2013 acabou por ser um ano razoável para a Top Atlântico, com um “ligeiro aumento de vendas, aumento da tarifa média e algum ligeiro aumento de passageiros”. “A conjuntura é positiva”, diz o director de marketing da ES Viagens. Por seu lado, Alberto Machado também fala de uma “recuperação moderada do mercado”. Os primeiros meses do ano já denotam um “crescimento ligeiro em comparação homóloga”, garante.

A BTL, bolsa de turismo de Lisboa, que marca o arranque do ano turístico, também registou mais visitantes este ano. Vítor Neto, presidente da comissão organizadora, diz que houve 68.250 entradas registadas, 35 mil das quais profissionais do sector. Face a 2013 houve um crescimento de 10% de portugueses e de 9% profissionais. “A feira reflecte um pouco uma alteração do estado de espírito em relação ao turismo. O ano de 2013 foi positivo e isso também se reflecte nos empresários, profissionais e pessoas. Há uma atitude mais optimista em relação a 2014”, resume o responsável.

Miguel Jesus, director comercial do operador Image Tours, especializado no Médio e Extremo Oriente, diz que o ano arrancou bem. “Arriscámos e comprámos lugares para os destinos de longo curso que vendemos [Dubai, Jordânia, Tailândia, Índia, Israel]. São 600 e estão praticamente vendidos para a época da Páscoa”, garante. A procura tem aumentado desde o início do ano, diz Miguel Jesus. “Não viajar é um balão que se vai enchendo. As pessoas aguentam, aguentam, até não conseguir mais. Já não é encarado como um luxo”, sustenta.

Para férias cá dentro, a estratégia mais seguida pelos portugueses é reservar em cima da hora. E no Verão “o país inclina para o Algarve”, conta Cátia Clérigo, gestora de conta do Booking, site de reserva de hotéis online. “Neste momento temos muitas reservas para Portugal feitas por turistas do Centro e Norte da Europa. Nestes mercados, a tendência é reservar com antecedência. Já entre os portugueses e os espanhóis é last minute”, diz.

Turismo em comunidade

Para quem quer sair fora dos circuitos habituais também não falta oferta. A Haburas Foundation, de Timor-Leste, e o Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral (CIDAC) estão a promover um projecto turístico junto de três comunidades locais daquele país, que apresentaram pela primeira vez ao mercado nacional durante a BTL. Cristina Cruz, do CIDAC, explica que a intenção é promover alternativas económicas a estas populações, que dependem muito do meio ambiente, dedicando a sua actividade à recolha de madeira para combustível, agricultura e pescas. Nestes aldeamentos turísticos, o visitante pode participar na vida da comunidade.

Outro país a apostar no turismo e a organizar o seu mercado é Angola. Francisco Dinis, da EcoTur, diz que os portugueses e os europeus querem, cada vez mais, descobrir o interior do território. O operador oferece programas regulares ao Parque Nacional de Kissana ou visitas às quedas de água Kalandula, na província de Malanje, prometendo dar a conhecer “a verdadeira África”, com safaris, praia e muita natureza. “Hoje já visitam Angola muitos japoneses, chineses, espanhóis e portugueses. As pessoas querem conhecer o país que está a desenvolver a 100% o turismo”, diz Francisco Dinis.

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