África mostra-se na Estação de Comboios do Rossio, em Lisboa, numa exposição de fotografia de Hugo Macedo. É "África da forma que eu a vejo, de uma forma crua", diz o fotógrafo. De 6 a 21 de Dezembro, em 25 fotografias, admira-se essa "crueza" mas com "muitos sorrisos, não são só de pessoas, mas também de paisagens, pormenores, cheiros, uma série de boas energias que África me passa”.
Neto de um fotógrafo, Hugo Macedo sempre gostou de fotografar. Lembra que em miúdo tinha já o hábito de agarrar na máquina e fotografar “nem que fossem eventos familiares”. Mas foi há 10 anos que começou a ver a fotografia com outros olhos. Investiu em material fotográfico e, desde então, fez trabalhos nas mais variadas áreas. A fotografia de viagem é área de eleição e é de fotografias de viagens que é composta a exposição do jovem lisboeta. “Tabasamu” decorre entre os dias 6 e 21 de Dezembro e tem lugar no Lisbon Destination, localizado na Estação de Comboios do Rossio.
A exposição integra 25 fotografias, todas captadas em África, ao longo de viagens que Hugo fez nos últimos quatro anos a países como Quénia, Tanzânia, Uganda, Ruanda, Burundi, São Tomé e Príncipe e Madagáscar. Uma das fotografias expostas recebeu uma Menção Honrosa a nível internacional e conquistou o terceiro lugar no Prémio Nacional de Portugal na edição do ano passado do Sony World Photography Awards, um concurso internacional de fotografia que premeia um vencedor em cada país.
“A exposição visa mostrar África da forma que eu a vejo, de uma forma crua, sem grandes preocupações com aquilo que é turístico ou convencionalmente bonito. Pretendo captar a crueza, uma crueza, a meu ver, bastante alegre, com muitos sorrisos, não são só de pessoas, mas também de paisagens, pormenores, cheiros, uma série de boas energias que África me passa”, explica, numa conversa telefónica. Daí o nome “Tabasamu” que, em Suaíli (um dos idiomas mais falados em África, como descreve), significa “sorriso”.
Hugo conta que já ambicionava fazer esta exposição “há algum tempo”. Embora fotografe em quase todas as áreas, a fotografia de viagem é a que “mais” o “seduz”. Todos os anos viaja e “a máquina vai sempre atrás, claro”. “Adoro viajar e é indissociável viajar e fazer-me acompanhar de uma máquina fotográfica. E acho que neste momento já tenho um portefólio considerável de imagens de África”, desvenda.
Eventos de moda, publicidade, concertos e casamentos são algumas das áreas nas quais Hugo faz trabalhos fotográficos. Apesar de ocupar “um espaço cada vez maior” na sua vida, confessa, a fotografia não é a sua primeira actividade profissional. Com formação em Recursos Humanos, o jovem de 35 anos trabalha como assessor de direcção na Associação Nacional dos Ópticos. “Faço o que gosto com a máquina fotográfica e depois tenho a sorte de tirar algum rendimento da fotografia. Não me considero um fotógrafo em nenhuma das áreas em que apresento trabalhos ou projectos. Faço-o, acima de tudo, por prazer”, revela. A companhia da máquina é guardada para o fim-de-semana, altura em que tem mais tempo para se dedicar à fotografia.
“África tem algo de especial”
Hugo viaja para “contactar directamente com aquilo que é o país e não com o que querem que os turistas vejam do país”. Tal como as viagens, também as fotografias “saem do roteiro turístico”. “Espero que as minhas fotografias captem realmente a essência do país, quer a nível de pessoas, como das paisagens ou sentimentos”.
A Oceânia é o único continente que ainda não conhece. África é o que mais gosta de fotografar. E é lá, no continente africano, que se localiza a cratera de Ngorongoro, na Tanzânia, o local que mais gostou de captar. E porquê África? “Primeiro porque os contrastes são mais vincados. Mas acho que África tem algo de tão especial… o calor com que nos recebem nos locais é fantástico. O sorriso é tão gratuito. O que mais me fascina em África é a despreocupação das pessoas, sem qualquer tipo de interesse associado ao turismo, ao querer vender algo. E depois em termos de expressividade para as fotografias, a interacção com o fotógrafo é muito mais descomprometida”, explica.
Fotografar para “imortalizar os momentos”
Com a fotografia, Hugo pretende “imortalizar os momentos”, a forma como os viu ao longo da vida. “Uma fotografia que tenha tirado há dez anos está associada a um estado de espirito totalmente diferente e a uma experiência de vida totalmente diferente daquela que tenho agora. Portanto, acedendo a todo o meu arquivo posso fazer uma viagem cronológica da minha vida através da fotografia”, observa, acrescentando que, para os outros, é uma forma de mostrar e partilhar a sua visão do mundo.
“Se me via a estar 100% dedicado à fotografia? Via, porque já passei por isso”, admite. Durante dois anos, Hugo foi fotógrafo a tempo inteiro, tinha um trabalho regular e os dias quase todos ocupados. No entanto, há cinco anos atrás surgiu outra oportunidade – o emprego actual. Num contexto de crise, o jovem teve de optar entre “uma decisão apaixonada e uma decisão ponderada”. Prevaleceu a última opção, “uma opção com outra estabilidade e que permitisse na mesma fotografar”, garante.
Assim foi. Hugo tem conseguido conjugar a actividade profissional com a fotografia. “Tabasamu” é a prova disso e é a segunda exposição no seu currículo (a primeira tinha sido de retratos). A inauguração está marcada para dia 6 de Dezembro, pelas 19h00, no Destination Hostels, na Estação de Comboios do Rossio, em Lisboa.