Fugas - Viagens

  • Porto, Jardim das Virtudes
    Porto, Jardim das Virtudes Maria João Gala
  • Lisboa, uma imagem de arquivo da CML da vista desde o Miradouro da Senhora do Monte, aqui com romântico lembrete
    Lisboa, uma imagem de arquivo da CML da vista desde o Miradouro da Senhora do Monte, aqui com romântico lembrete DR/CML
  • Coimbra, Quinta das Lágrimas
    Coimbra, Quinta das Lágrimas Adriano Miranda
  • Monsaraz
    Monsaraz Rui Gaudêncio
  • Tapada de Mafra
    Tapada de Mafra Rui Gaudêncio
  • Sintra, Pena
    Sintra, Pena DR/PNS
  • Porto Covo
    Porto Covo Enric Vives-Rubio
  • Algarve, Ria Formosa
    Algarve, Ria Formosa Virgilio Rodrigues
  • Montesinho
    Montesinho Fernando Veludo/nFactos
  • Aldeia da Pena, São Pedro do Sul
    Aldeia da Pena, São Pedro do Sul Nelson Garrido

Portugal dos namorados

Por Andreia Marques Pereira; Mara Gonçalves

São Valentim à porta, a Fugas propõe alguns dos locais mais poéticos de Portugal. Para namorar e inspirar.

Montesinho

É um local onde o tempo passa mais devagar, tão devagar que se não atentarmos já somos passado. São assim muitas aldeias da serra de Montesinho, navios à deriva num tempo onde a vida ainda é marcada pelos ritmos da natureza. E é assim desde tempos imemoriais neste extremo do nordeste transmontano que agora é Parque Natural de Montesinho; e é assim que ainda encontramos estas paragens, ainda que muitos das suas gentes estejam lentamente a ser substituídas por habitantes de fim-de-semana — o isolamento não perdoa: dá um bom refúgio mas uma dura forma de vida, submetida à ditadura da agricultura.

Isso vê-se em algumas aldeias, como a Aldeia do Montesinho, onde o casario de xisto está remodelado, em grande parte, mas de portas fechadas durante a semana. Tal não significa que esteja totalmente desprovida de vida quotidiana, ela continua, agora com direito a núcleos de interpretação, lojas de artesanato. Mas são muitas as aldeias que se descortinam inesperadas nas dobras destas montanhas, como Gimonde, com a sua ponte romana, ou Guadramil, e a famosa Rio de Onor, com o seu comunitarismo bem vivo. Com todo o tempo do mundo, o caminho aqui faz-se mesmo “caminhando”, com visão panorâmica de cerros imponentes ou colinas suaves, bosques, prados, campos agrícolas, rios e riachos, e encontros prováveis com gamos, javalis, veados (quem sabe um lobo) e avistamentos de águias.

Arcos de Valdevez

Os pergaminhos são antigos — diz-se que aqui se confrontaram os exércitos de D. Afonso Henriques e de Afonso VII de Leão, em 1140, estava Portugal ainda à procura de legitimação (e há um monumento, moderno, a assinalar o feito que haveria de ditar o reconhecimento da nova nação) —, o enquadramento intemporal ou não fizesse parte do território que hoje constitui o único parque nacional do país. Estamos, então, no Parque Nacional da Peneda-Gerês e Arcos de Valdevez, apesar de algumas derivas urbanísticas, fica-lhe bem.

A vila atravessada pelo rio Vez, que nasce na vizinha serra do Soajo para depois se juntar ao rio Lima, condensa uma ideia de bucolismo idílico, sobretudo quando lhe percorremos as entranhas — aquelas que se abrem junto do Vez, com espaços relvados aprazíveis, onde não faltam espaços para repousar e provar a gastronomia minhota; ou sobre ele (a chamada “ponte velha” é incontornável nas fotos aqui: de final de século XIX substituiu a medieval, também com quatro arcos, que deu origem ao nome à povoação). O centro da vila não é avaro de casas antigas, que emanam uma certa rusticidade senhorial, de igrejas (são cinco, destacando-se a de Nossa Senhora da Lapa, barroca, o ex-líbris da vila, incontornável com a sua cúpula rococó), e o seu pelourinho, manuelino, é notável. E em terras de natureza mansa, um mergulho na ruralidade total está sempre a pouca distância — por exemplo, o Soajo, com os seus icónicos espigueiros de granito.

Douro, Provesende

Estamos em pleno Alto Douro Vinhateiro, em pleno território Património Mundial da UNESCO. Em planalto com vista para o rio Pinhão e para as vinhas da mais antiga região demarcada do mundo, Provesende tem natureza rural, alma antiga (há vestígios de povoamento pelos lusitanos e o castro ainda hoje é um miradouro de excelência sobre esta paisagem protegida) e vocação evidentemente vinícola.

Não só por este contexto paisagístico mas pelas adições patrimoniais, que lhe emprestam um rosto senhorial e vetusto, assinalando o período em que foi vila e sede de concelho extinto em meados do século XIX. O pelourinho é a herança mais simbólica desses tempos, mas não é a única: a igreja matriz setecentista, o fontanário granítico de 1755 são outras obras públicas significativas, mas o que sobressai mesmo na aldeia é a concentração inusitada de casas brasonadas e solares. Uma viagem no tempo com matizes românticas e de uma elegância severa em paisagem “protegida”.

Porto, Jardim das Virtudes

É provavelmente o parque municipal mais central do Porto, mas também um grande desconhecido da cidade. Mais conhecido por jardim, este parque está encaixado num vale que rasga Miragaia desde as traseiras do Palácio da Justiça, seguindo o antigo leito do rio Frio, agora completamente encanado. O jardim, que era a antiga Companhia Hortícola Portuense, desenvolve-se em socalcos relvados, cada qual uma varanda sobre o rio e os telhados de Miragaia, rodeados de escarpas nas quais se empoleira o casario — e o Passeio das Virtudes, a varanda das varandas, mesmo ao lado da Cooperativa Árvore.

Não é um jardim pequeno, mas o “isolamento” e a disposição em escadaria fazem com que pareça um recanto esquecido, um segredo bem guardado, entre japoneiras, arbustos e a maior Ginkgo biloba do país (35 metros e dois séculos de vida) dispostas nas plataformas seguras por muros de granito por vezes salpicados de musgos e vegetação. O setecentista Chafariz das Virtudes, as fontes, as estátuas, os bancos e varandins que se espalham pelo dédalo de caminhos que cruzam a topografia indisciplinada dão-lhe uma aura romântica — do Romantismo e dos casais enamorados que aqui encontram sempre um porto de abrigo com solidão q.b..

Mata Nacional do Buçaco

Não há outro modo de dizê-lo: é um sonho romântico, a Mata Nacional do Buçaco. O arvoredo é mágico, nas cúpulas que escapam de sequóias, acácias, abetos, cedros, tílias, pinheiros e até fetos gigantes (no Vale dos Fetos) a compor um diálogo de verdes, atravessado de caminhos recônditos que se precipitam em escadarias de pedra e se detêm em ermidas, capelas e refúgios de monges que aqui se recolheram do ruído do mundo.

Uma estranha aliança de sagrados: o católico que chegou com os Carmelitas Descalços no século XVII; o telúrico que vibra a cada passo que se dá nesta floresta revestida de misticismos. Não apenas quando o nevoeiro cobre o monte (chega aos 549 metros de altitude), não só quando se percorre a Via Sacra de três quilómetros, vinte passos e estações marcadas com capelas, nem, sequer, quando damos de cara com o devaneio neo-manuelino de D. Fernando II (agora transformado em hotel).

O sortilégio do Buçaco é a união de todos estes elementos que parecem até obliterar os dias de sangrentas lutas que aqui tiveram lugar durante as invasões napoleónicas. Mas, de alguma maneira, tudo está entranhado neste chão, já faz parte do seu ADN e, mesmo que de forma improvável, tudo está em serena simbiose neste mar (verde) de tranquilidade.

Coimbra, Quinta das Lágrimas

Foi Paço da Rainha Santa, mas se ganhou lugar na história foi por ter sido cenário dos amores do seu neto D. Pedro e de uma dama galega, D. Inês de Castro. Ambos protagonizaram a maior (e mais dramática) história de amor de Portugal, que, tal como os “saudosos campos do Mondego” nunca ficou enxuto do seus formosos olhos. E se parafraseamos Camões é porque dele nos chegou a mais sentida narrativa da história que a agora chamada Quinta das Lágrimas viu desenrolar, quando era uma coutada real a dois passos do Convento de Santa Clara.

Não resta muito desse tempo – a não ser que queiramos acreditar que a Fonte das Lágrimas se formou com as lágrimas de Inês e que os vestígios vermelhos das rochas são resquícios do seu sangue e não algas. Na verdade, a lenda e o real não fazem muita diferença quando se percorrem os jardins do agora hotel de charme: da Fonte das Lágrimas à dos Amores, com transposição de porta ogival e janela do século XIV, podemos imaginar o idílio medieval que havia de durar pouco. Por estes dias, as memórias são omnipresentes, nos jardins plenos de plantas exóticas, entre arvoredos densos atravessados por inesperados bosquetes de bambus, que se abrem subitamente em relvados onde anfiteatros se instalam como uma espécie de land art. Entre o passado quase mítico e o presente, a Quinta das Lágrimas é um ícone do amor em Portugal: é o seu paraíso e o seu purgatório.

Tapada de Mafra

Diz-se “floresta encantada” e não vamos contrariar. Afinal, a Tapada Nacional de Mafra, desdobrada em vales e planaltos, tem todos os ingredientes para que a magia se revele — a natureza em vegetação luxuriante que desenha caminhos que parecem túneis esculpidos, a fauna variada que parece saída de livros de contos (veados, gamos, javalis, lobos, águias, falcões), o arvoredo (carvalhos, sobreiros) em densas manchas onde quase poderíamos ver duendes a passear.

Com origem barroca e por decreto-real — foi o parque adjacente ao Palácio-Convento de Mafra, zona de lazer e de caça para a família real —, a tapada não escapou aos ventos do romantismo que em Portugal teve D. Fernando II como principal cultor, o que só ajudou a manter o cenário “selvagem”. Uma visita à tapada é promessa de surpresas, seja num simples passeio a dois ou embarcando em alguma das actividades aqui promovidas, como o baptismo equestre ou passeios de charretes — para destacar as que oferecem mais possibilidades românticas. Sem esquecer o chá da 5, que por estes dias de frio será mais aconselhável do que um piquenique (que, sublinhe-se, nunca sai de moda no que a romantismo diz respeito).

Lisboa, Miradouro da Senhora do Monte

Qualquer hora é boa para ir ao miradouro da Senhora do Monte ou não fosse qualquer hora boa para ver a tão celebrada luz de Lisboa, mas não são poucos os que dizem que daqui se vê o pôr do sol mais bonito da cidade. Sem ortodoxias, ficamo-nos por um dos mais bonitos pores do sol da capital, desfrutado desde um dos menos frequentados miradouros de uma cidade pródiga neles, ou não estivesse ela própria assente em sete colinas. Estamos na Graça, bem no topo, o que faz da Senhora do Monte um dos miradouros mais altos da cidade. Na prática isto significa uma vista panorâmica da cidade — que um painel de azulejos ajuda a decompor: o castelo de São Jorge não necessita de apresentação, tão-pouco o Tejo, que vemos do mar da Palha e depois a passar a ponte 25 de Abril; as Avenidas Novas e o parque de Monsanto, e mais perto a baixa pombalina e até as ruínas do convento do Carmo. Com a capela de nossa Senhora do Monte como presença tutelar, abrigado por arvoredo, este é um local recolhido com a bênção de Lisboa.

Sintra

Não era necessário que D. Fernando II tivesse construído o Palácio da Pena para Sintra ser irredutivelmente romântica — a natureza foi suficientemente pródiga — mas não há dúvidas de que este fica bem como a jóia da coroa da vila que tem fascinado viajantes há séculos. O “glorioso Éden” de Byron é um glorioso paraíso terreno, onde o verde encapsula um casario colorido que margina o dédalo de ruas estreitas, becos e escadarias que fazem o centro e acaricia palácios e quintas que se espalham pela serra por detrás de muros altos e gradeamentos.

Sintra esconde jardins luxuriantes de árvores, plantas e flores de espécies incontáveis, lagos e fontes (e ribeiros inesperados que brotam caprichosos denunciando a natureza aquática da serra); mistérios esotéricos em entornos mágicos de poços, torres, grutas e labirintos; memórias de reis e rainhas, seus amores e desamores; miradouros que vão de Lisboa até ao mar, seguindo o Tejo, lendas de mouras encantadas e seus castelos. Do Palácio da Pena ao Palácio da Vila, passando pelo Castelo dos Mouros — este é um caldo de matizes que fazem da vila a eterna romântica.

Portinho da Arrábida

A fama de ser uma das mais bonitas praias do país ninguém lha tira, o proveito é que pode escapar-nos se vamos ao Portinho da Arrábida no pico do Verão, quando as multidões engolem o areal e a minúscula aldeia se transforma em parque de estacionamento caótico. Mas como resistir à baía que se recorta na serra da Arrábida, uma meia-lua de areia branca a separar o verde de terra com o verde-azulado ou azul-esverdeado do mar? A ocidente da praia fica a aldeia, que pode ser uma das portas de entrada para o areal e mais parece uma pequena colónia de férias.

O dramatismo da paisagem em redor esbate-se em parte quando visto de baixo — mas para aí chegar é a serra da Arrábida que se atravessa, em estradas de montanha que miram abismos quase hipnotizantes sempre acompanhados pelo mar. A natureza é pródiga nestas paragens que até são de Parque Natural. A prodigalidade revela-se tanto em terra, com o verde a ganhar altura à medida que baixamos e com pegadas místicas a assombrar-nos o caminho, como no mar, onde um parque marinho guarda uma biodiversidade única na Europa. A beleza ora dramática ora tranquila é inescapável.

Alentejo, Monsaraz

É uma viagem ao passado a olhar de frente o presente: o presente é o Alqueva, a barragem que inundou um canto do Alentejo, o passado é Monsaraz, a vila medieval, conquistada aos mouros em 1167 por Geraldo Sem Pavor.

Devidamente empoleirada no topo de um monte com vista para o “grande lago”, Monsaraz, envolta em muralhas, é um dos poucos miradouros sobre este numa região de planuras infindáveis. O charme antigo é preservado nas ruas e ruelas de xisto, marginadas por casario irrepreensivelmente caiado. Uma vila branca, portanto, para lá da sua protecção secular que à noite se acende esparsamente com luzes amarelas que parecem vindas de outros tempos. Pouca iluminação que combina bem com quem quer ver estrelas — e estamos em plena reserva Dark Sky, onde o céu guarda mistérios para serem descobertos a dois. E no Alqueva, que inventou novos recantos, passeios de barco desvendam ilhotas minúsculas e minúsculas baías, aldeias ribeirinhas — e sempre, por todo o lado, a doce paisagem alentejana.

Porto Covo e Ilha do Pessegueiro

Do vizir de Odemira que, dizem, por amor se matou novo no lugar de Porto Covo, só resta a memória cantada por Rui Veloso. Mas das falésias que suportam a aldeia a vista continua a chegar à ilha do Pessegueiro (que se não tem registo de ocupação muçulmana, tem-no de cartagineses e romanos e vestígios ostensivos de um forte construído durante a dinastia filipina), ao mar azul e ao litoral escarpado deste cantinho do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. E é romântico, pois claro.

Desde Porto Covo com o seu traçado pombalino, casas caiadas de branco e listas azuis, às praias que se escondem no fundo das arribas, em pequenas enseadas cobertas de areia fina, este pedaço de litoral ziguezagueante (e, por isso, abrigado) pode ser um pedaço de céu — mesmo quando o tempo não convida a mergulhos. Se a Praia Grande é a óbvia, a da aldeia, busquem-se as outras, as que até no nome trazem promessas exóticas, como a Samouqueira, a do Cerro de Águia, a dos Buizinhos, a da Gaivota — sem esquecer, mas a sul, a Praia da Ilha do Pessegueiro, diante desta, sem escarpas ou falésias, apenas pequenas dunas que bailam com o mar.

Algarve, Ria Formosa

São duas penínsulas a delimitar em terra, ou seja, no continente, o “outro” Algarve — aquele um pouco mais abrigado de multidões estivais. Entre a península do Ancão e a península de Cacela, é a ria Formosa que se desenvolve, separada do oceano por uma série de ilhas-barreira onde praias desertas não são uma miragem, são apenas um pouco trabalhosas (é preciso pôr pés ao caminho para chegar até elas; a recompensa são línguas de areia solitárias).

Claro que no Inverno não há multidões nem muitos que se disponham a fazer da praia uma espreguiçadeira, mas este ecossistema cheio de locais insuspeitos não perde o encanto. Seja percorrendo as ilhas, da Barreta (deserta) a Cabanas, passando pela Culatra (a única que tem uma comunidade residente constante ao longo de todo o ano), Armona-Fuseta e Tavira, seja observando a natureza que aqui tem um recanto especial, devidamente reconhecido como parque natural. À primeira vista não percebemos, mas esta ria é um dédalo de sapais e canais, onde no Inverno encontram abrigo espécies como o pato-trombeteiro, o maçarico-real ou a tarambola cinzenta, onde os flamingos são da casa e os camaleões aparecem de vez em quando nos cordões dunares. Ao ritmo das marés, Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, sucedem-se sempre de olhos postos na laguna e no horizonte para além dela.

Açores, Flores, Poço da Alagoinha

Não haverá muitos locais que a chuva torne mais interessantes, porém o Poço da Alagoinha será um deles, certamente. Na ilha das Flores, Açores, a natureza não se coíbe de exibicionismos e vale mesmo uma ida ao fim do mundo — ou, melhor, ao fim da Europa: picos a rasgar o céu, vindos das profundezas de vales verdejantes, pastagens esmeraldas, ribeiros e riachos que muitas vezes se despenham em cascatas, falésias a pique e baías escondidas, hortênsias por todo o lado e lagoas que competem entre si pelo título de mais bonita.

A ilha das Flores são os Açores embrulhados no seu mais lustroso e natural cenário e concentrados em 141 km2 partilhados por pouco mais de quatro mil habitantes. E é aqui também que se encontra o Poço da Alagoinha, no final de um trilho de 800 metros, entre as freguesias de Fajã Grande e Fajanzinha, como uma visão do início da Terra. O verde-mais-verde cobre as falésias (200 metros) que rodeiam a lagoa e por onde escorrem mais de uma dezena de cascatas que em dias de chuva se multiplicam como fios de prata desenfreados. Terra quase intocada, esta, que segue selvagem à beira dos abismos.

Madeira, Miradouro do Véu da Noiva

O nome pode embalar os mais românticos, a paisagem deixa qualquer um deslumbrado pela beleza da costa norte da ilha da Madeira. O “véu da noiva” é uma queda de água de 30 metros que salta a antiga estrada que liga São Vicente ao Seixal e quem por lá viajou não se esquece do encontro com ele, o “véu da noiva”, nome ganho pelo efeito da espuma da água.

Vê-se ao longe, claro, e aí entra o miradouro, na estrada do Seixal, que permite admirar o dramatismo não só da cortina de água como de toda a costa. São falésias recortadas com precisão na pedra que é o substrato da ilha, desenhando enseadas e baías mais amplas e perdendo-se na neblina que muitas vezes cobre as partes mais altas. O azul do mar é profundo e é difícil afastar o olhar do confronto deste com o litoral escuro, num choque de titãs abençoado pela crueza dos elementos que tornam este cenário suave e duro dependendo de como se olha.

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