Fugas - Viagens

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    Peso da Régua: Restaurante Castas e Pratos Maria João Gala
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  • Vila Real: Restaurante Cais da Villa
    Vila Real: Restaurante Cais da Villa Maria João Gala
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  • Marvão: TrainSpotGuesthouse
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    Lisboa, Lisbon Destination Hostel, Estação do Rossio João Silva
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    Lisboa, Sunset Destination Hostel, Estação do Cais do Sodré João Silva
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    Lisboa, Sunset Destination Hostel, Estação do Cais do Sodré João Silva
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    Lisboa, Sunset Destination Hostel, Estação do Cais do Sodré Pedro Cunha
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    Lisboa, Sunset Destination Hostel, Estação do Cais do Sodré João Silva
  • Cabeço de Vide: Estalagem Rainha D. Leonor
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  • Castelo de Vide: Pensão Destino
    Castelo de Vide: Pensão Destino DR
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  • Ecopistas. Monção
    Ecopistas. Monção Paulo Ricca
  • Ecopistas. Sabor
    Ecopistas. Sabor Paulo Ricca

O turismo à margem dos carris

Por Andreia Marques Pereira; Luis J. Santos; Mara Gonçalves

Estações de comboios, apeadeiros, casas de serviço, armazéns... De norte a sul, dão-se novas vidas a infra-estruturas ferroviárias. Vamos pelos carris de Portugal entre hostels, restaurantes, museus ou ecovias.

Há ironias assim: a estação ferroviária de Bragança passou a ser o terminal rodoviário da cidade transmontana. Levou 12 anos a ganhar nova vida a estação, que não teve sequer um século de vida ferroviária: inaugurada em 1906, em 1992 viu ser decretado o seu encerramento com a suspensão do tráfego entre Mirandela e Bragança; em 2004, as obras de reconversão terminaram e as camionetas substituíram definitivamente os comboios. “É a lógica que está inerente à actuação da Refer”, explica Susana Abrantes, responsável de comunicação da Rede Ferroviária Nacional-Refer (empresa pública), “perceber como é que o seu vasto património pode continuar a ter utilidade” — depois de expirar a sua data de validade enquanto plataforma de serviço público de transporte. Não é uma questão menor — afinal, quem é que, pelos caminhos de Portugal, nunca viu estações e apeadeiros abandonados, alguns em avançado estado de degradação?

São lugares com memória, são lugares com história, como diz a página da Refer Património (a empresa afiliada da Refer que gere os bens não ligados à operação ferroviária) dedicada à “comercialização de edificado” (excluindo-se aqui todo o restante, e vasto, património sob a alçada da Refer Património, que inclui apartamentos, espaços comerciais, escritórios, terrenos). Mais de século e meio de história dos caminhos-de-ferro em Portugal. Foi a 28 de Outubro de 1856 que se realizou a primeira viagem de comboio em Portugal. De Lisboa ao Carregado, 37 quilómetros do que se pensava ser uma mera curiosidade. Não era. Os caminhos-de-ferro que tinham surgido à boleia da revolução industrial, no Reino Unido, foram eles próprios uma revolução e mudaram a forma de viajar. Portugal embarcou e o país foi-se cobrindo de carris; e com eles de estações, apeadeiros e todas as outras estruturas de apoio ao funcionamento desta porta giratória de pessoas e bens. A rede ferroviária nacional atingiu a sua dimensão máxima em meados do século XX, numa altura em que o transporte ferroviário, na ressaca da II Guerra Mundial, já entrava em decadência face ao aéreo e rodoviário no resto mundo.

Mas, claro, o ocaso também chegou a Portugal, acentuando-se na década de 1980 com o encerramento de troços significativos da rede. E com o fecho de algumas linhas e troços veio a obsolescência de todas as infra-estruturas que a apoiavam. Em traços gerais, a Refer gere 928 estações, das quais 474 estão “ao serviço”, seja de passageiros e/ou de mercadorias — 454 estão à espera do que virá.

Para algumas, o futuro já chegou — são, então, terminal rodoviário, sede de rota turística (a Estação da Curia), espaço cultural (a antiga estação de Braga) e, em breve, serão também equipamento social (Sendim). Isto numa lógica de utilidade pública. São também restaurantes, hostels (até um hotel, o Axis Braga, mas construído de raiz para o efeito em terreno de domínio ferroviário — e mesmo ao lado das velha e nova estações da cidade, esta última inserida num edifício de escritórios) e o que a imaginação quiser — e a Refer Património aceitar. “Podem ser até residências”, diz Susana Abrantes. Só quase nunca podem ser vendidas. “O facto de [esses espaços] hoje não servirem o propósito ferroviário não significa que daqui a alguns anos não possam voltar a servir”, nota Susana Abrantes. Por isso, só em casos muito particulares este património desactivado pode ser alienado. “É necessário que seja desvinculado do domínio público”, explica, “um processo que tem de ser autorizado pelo Governo — estamos a falar de património do Estado — quando se percebe que não há qualquer interesse de manutenção para domínio público.” Como no caso da antiga estação de Lagos, exemplifica: “Construiu-se uma nova estação, ao lado da antiga, logo, é certo que ali nunca mais vai haver serviço ferroviário. E está a planear-se a desafectação.”

Tal não é tão linear para património simplesmente desactivado, como “estações, apeadeiros, casas de serviço, casas de funções, dormitórios, cais cobertos, armazéns”. “Temos que ter uma visão a largo prazo”, justifica. Logo, o mais comum é o arrendamento e a concessão — também a longo prazo, “20, 25 anos, noutras condições ninguém quereria investir”. Quem quiser realmente investir não encontrará limitações à partida: todos os projectos são válidos, desde que se encontrem edifícios adequados que possam ser readaptados à funcionalidade pretendida sem alterar a base construtiva — a traça das fachadas é intocável. Por exemplo, um hostel tem de ter condições mais especiais do que um restaurante e se estes são exemplos que vêm à cabeça de Susana Abrantes é porque estas são duas das novas “ocupações” mais comuns. Os hostels a Sul, os restaurantes a Norte, parece ser a tendência de reaproveitamento deste património carregado de “simbolismo, de memórias e valor emocional que não pode ser menosprezado” e muitas vezes em localizações belíssimas — veja-se, por exemplo, a Guesthouse Train Spot, em Marvão, a dois passos da serra de São Mamede.

São nove os edifícios referenciados pela Refer Património como estando reconvertidos, todos dedicados ao turismo — a Fugas espreitou alguns.

Ecopistas: as vias verdes das bicicletas

Não só o imobiliário é reutilizado quando as funções ferroviárias terminam. As linhas e troços desactivados também estão a ser reconvertidos pela Refer para projectos de turismo ambiental. As ecopistas surgem assim como as segundas vidas dos canais ferroviários, num processo cuja concretização envolve as autarquias interessadas em dinamizar turisticamente estes traçados reservados a deslocações não motorizadas e desenvolvidas em contextos que valorizem o meio ambiente.

Neste processo, a Refer assume o projecto, as autarquias o investimento na requalificação das linhas e canais e algum edificado que seja útil à ecopista — como zona de apoio ou apenas pela harmonia paisagística, sublinha Susana Abrantes. Em Portugal há 10 ecopistas (Minho, Famalicão, Guimarães, Tâmega, Corgo, Sabor, Dão, Vouga, Montado e Mora) que formam o Plano Nacional de Ecopistas da Refer, membro da Associação Europeia das Vias Verdes (que em Portugal recebeu o nome de ecopistas), que na sua declaração fundacional reivindicava o “suporte privilegiado para o desenvolvimento das Vias Verdes” dos “caminhos, canais e vias ferroviárias desactivadas”. A.M.P.

MAIS: De bicicleta por onde antes passava o comboio
 

Peso da Régua: Restaurante Castas e Pratos

Quando, em 1879, o primeiro comboio chegou à Estação Ferroviária de Peso da Régua foi “uma revolução”, parafraseando “O caminho de ferro foi uma revolução” que se lê na placa comemorativa que assinala o primeiro centenário da gare. Douro Litoral, Trás-os-Montes e Beira Alta ficavam ligadas por um meio de transporte efectivo que permitia não só uma maior circulação de pessoas como de produtos — aqui produzidos (com o vinho, inevitavelmente, à cabeça) e aqui comercializados. Para estes, os produtos, foi construído um armazém de madeira num único volume: 200 metros de comprimento, 60 de largura, sobre uma plataforma de quase um metro de altura e com fachadas ripadas de três metros, como se lê no site da Direcção-Geral do Património Cultural.

Volvidos 136 anos, já não há mercadorias e entrar e a sair destes armazéns, mas estes, parte integrante do complexo ferroviário do peso da Régua, estão de cara lavada. Tudo começou em 2008, com a abertura de uma parte dos armazéns, cerca de 205 metros quadrados, como restaurante — Castas e Pratos, CP de acrónimo, inevitável homenagem às origens ferroviárias do espaço. Foi, aventa Manuel Osório, um dos proprietários (o outro é Edgar Gouveia), uma alavanca para a recuperação total do espaço: a autarquia avançou com projecto de requalificação, estabeleceu um contrato de concessão com a Refer, e as obras estão concluídas — falta o protocolo que vai regular a ocupação comercial do espaço.

E se antes, conta Manuel Osório, o CP até poderia passar despercebido no meio do volume abandonado — “muitas pessoas nem reparavam” — agora é quase impossível. Porque uma coisa é certa, é quase inevitável passar pelo armazém numa incursão pelo Peso da Régua, a porta de entrada para o Alto Douro Vinhateiro, e não é necessário chegar de comboio, que continua a ligar o Porto a estas paragens pela Linha do Douro. Na estrada nacional, bem diante do rio, a localização é imperdível — e há uma pequena esplanada à porta para quem quiser ficar a ver o Douro correr do outro lado da marginal.

Mas se há local onde o CP respira ferrovia é na esplanada das traseiras: os carris estão diante de nós, a estação, branca, ao lado, e nós estamos num antigo vagão de transporte de carvão. “Queremos cheiro a comboio”, assume Manuel Osório, “é uma história que queremos manter”. É uma ligação umbilical, intrínseca do CP ao universo ferroviário, que aconteceu mesmo antes de ele existir. Porque tudo começou com o espaço. Manuel Osório e o sócio, naturais da zona, deixaram-se cativar pela “beleza fantástica” do antigo armazém, que estava abandonado há mais de 20 anos, e viram nele um “potencial de negócio incrível”. Quando surgiu a ideia de ocupar o edifício, “notoriamente subvalorizado”, o conceito não estava definido, mas o objectivo sempre foi claro. “Queríamos promover o que é nosso junto daqueles que nos visitam”, explica Manuel. E o “nosso” nestas paragens são as paisagens e os produtos, “vinhos e azeites no top”.

O negócio original começou, então, por ser algo à volta das tapas — e de um grande balcão, à moda espanhola. Manuel Osório tem dificuldade em recordar-se porque a ideia rapidamente evoluiu para a que acabou por concretizar-se — algo “mais versátil”. Em 2008 estávamos a entrar na crise, sublinha, e então havia que potenciar recursos. O três-em-um ganhou: garrafeira, bar de tapas e restaurante. Assim nasceu, assim se mantém o CP — “também fomos felizes na escolha do nome”. “Tivemos muito cuidado, muitas horas para pensá-lo, porque o projecto esteve parado algum tempo por causa da burocracia”, ironiza Manuel. E o nome resume tudo ao que vamos: “comer Douro, beber Douro”. Ou seja, as Castas vêm da vasta lista de vinhos aqui apresentados, com o Douro a dominar; os Pratos são da região duriense: “apesar de a nossa região não ser muito rica gastronomicamente, tem produtos bons” — a base é tradicional, o toque de modernidade é adorno (“mais do que moderno é típico”), tudo servido pelo chef Tiago Moutinho, que aqui está desde o início.

Se o antigo armazém cativou logo pela beleza exterior, o interior foi uma “surpresa”, pelas madeiras — os adjectivos abundam: “lindíssimas, fabulosas”. A intervenção foi realizada para potenciar o que foi encontrado e não podia ser de outra forma: primeiro pela obrigação de manter a integridade da fachada, por exemplo, depois pelo próprio desejo dos proprietários. Assim, a madeira é omnipresente nos dois andares (em mezanino) do Castas e Pratos, na estrutura e no mobiliário, e as cores não fogem a essas tonalidades. O resultado é irremediavelmente contemporâneo, discreto por opção e confortável por inevitabilidade. O rés-do-chão é dedicado à garrafeira que se alinha por detrás de armários com portas de “rede” de metal e ao bar — algures entre wine bar e tapas bar — que se exibe numa série de mesas altas dispostas juntas como se de um grande balcão se tratasse (acompanhado de cadeiras a condizer) a promover a convivialidade; o primeiro andar é reservado ao restaurante e, na parede do fundo, a fotografia de carris que a ocupa transmite sempre a ideia de viagem. Que está, afinal, no ADN de um espaço ligado aos comboios. A.M.P.

Castas e Pratos, Rua José Vasques Osório. 5050-280 Peso da Régua. Tel.: 254 323 290. GPS: 41° 9’ 27.98; 7° 46’ 59.857. www.castasepratos.com


Vila Real: Restaurante Cais da Villa

Quando o Cais da Villa foi inaugurado ainda se falava do regresso à vida da estação ferroviária de Vila Real. Estávamos em Novembro de 2010, o troço entre Vila Real e Peso da Régua da Linha do Corgo tinha sido encerrado no ano anterior para a realização de obras, mas havia datas previstas para a sua reabertura: não a da Secretaria de Estado dos Transportes, que havia indicado o final de 2010, mas a da Refer, 2011, ainda podia encaixar-se nesse plano. “A nossa intenção [ao abrir o restaurante] era receber os turistas que vinham da Régua, do Douro”, explica José Ferreira, gerente do Cais da Villa, propriedade de Horácio Negrão. “Mas acabaram por tirar as linhas. Aí soubemos que não ia haver comboios. Se as tiravam não iam recolocar.”

Foi um balde de água fria, percebe-se pelas suas palavras. “Tivemos que repensar a nossa estratégia de posicionamento de mercado”, nota, “porque enfrentámos dois tipos de problemas”. Um é “a falta de hotéis de cinco estrelas em Vila Real”, o público pretendido, o outro é “a falta de turismo”, diz. “Só com habitantes de Vila Real um restaurante como o nosso não consegue sobreviver.”

O Cais da Villa foi instalado num antigo armazém da estação ferroviária de Vila Real, inaugurada em 1906. Um dos fundadores foi Edgar Gouveia (que entretanto deixou o restaurante), que já tinha experiência noutro restaurante no mesmo entorno (o Castas e Pratos, na Régua), e a ideia era replicar o conceito em Vila Real. Um espaço que fosse “igualmente emblemático”, instalado “num edifício com história na cidade”. “Estes edifícios ferroviários dizem sempre algo às pessoas”, afirma, “e há um interesse notório”. “Mérito também da nossa reabilitação.”

A ideia de manter a traça do edifício e criar um espaço ousado foi concretizada, considera. Destaca-se no antigo conjunto ferroviário branco o edifício pintado de castanho-chocolate, debruado a pedra nas esquinas e a rodear as janelas, com telhado inclinado suportado por vigas de madeira — parece quase uma peça colocada à parte, a coroar o volume. Há repas de madeira numa das fachadas, um acrescento aproveitando o beiral grande, e a rodear a esplanada — um toque de modernidade circunspecta, que acrescenta conforto. No interior, as paredes em pedra despida, irregular, foram mantidas como testemunho de uma história que não se quer esquecer, antes valorizar; e uma evocação de linhas férreas na zona que divide a sala de jantar do wine bar. A decoração condiz com a sobriedade da estrutura, com intromissões de ferro e iluminação cuidada, apostada em criar recantos. Porque a divisão básica é simples: de um lado, wine bar, com dois grandes balcões à laia de mesas comunais e caixas de madeira como estantes-expositoras de vinho; do outro, restaurante, o branco mais presente no mobiliário e nas formas bizarras que são como biombos indisciplinados (e sobressai a garrafeira, “caixa” transparente). E no wine bar encontramos 613 referências de vinhos (sem surpresas, maioria do Douro) para acompanhar (ou não) tapas; no restaurante, “cozinha tradicional de autor, pratos que reflectem a cozinha duriense e transmontana”, servida à carta mas também em menus executivos e de grupo. 

Mas se o edifício do armazém foi restaurado e requalificado, o mesmo não se passa cá fora, lamenta José Ferreira. “Só é pena a envolvente não estar preservada. Só é pena a linha não funcionar.” Com a linha desactivada, o complexo ferroviário foi deixado um pouco ao abandono, explica. E não estando o restaurante no centro da cidade, o Cais da Villa aprendeu a ser abrangente, para captar clientes. O festival Jazz & Wine, que em 2014 trouxe Mário Laginha, sublinha José Ferreira, é talvez a iniciativa mais mediática, mas outros eventos são promovidos, como conferências regulares. Uma maneira de suprir a falta de turismo na cidade, diz — “falta promoção” –, e de complementar o enoturismo que, apesar da supressão da linha que ligava ao Douro, continua a ser a vocação máxima do Cais da Villa. Existe até um clube que, entre outras coisas, oferece jantares vínicos aos sócios e descontos — inclusive na compra de vinhos. Sim, porque o Cais de Villa também é garrafeira. A.M.P.


Lisboa: O hostel da estação do Rossio

Foi há coisa de três anos e meio. Depois de mais de um século a receber viajantes apressados, a estação do Rossio passou também a ser morada de hostel. Inicialmente denominado Rossio Patio e agora Lisbon Destination, esta unidade de alojamento económico oferece um luxo arquitectónio e espacial pronto a seduzir qualquer turista. A grande e envidraçada porta do hostel situa-se ao nível do piso superior da estação, no outro extremo frente às bilheteiras, com o albergue a oferecer quartos e dormitórios partilhados, alguns deles aproveitando as janelas da monumental fachada e oferecendo vistas para o Teatro Nacional D. Maria II.

Com preços mínimos que podem começar em redor dos 15/20 euros por noite (há dormitórios partilhados por quatro e oito pessoas) e que sobem conforme a temporada e a privacidade dos quartos, o Lisbon Destination tem uma das suas grandes mais-valias num imenso pátio social. É em redor deste pátio, coberto por um tecto-clarabóia e com luz natural, que cria uma espécie de comunhão de “riad industrial”, que tudo se passa. Aqui, entre ferro, aço e madeira e sob tapete de relva artifical, uma escadaria liga-nos ao piso superior mas é também por aqui que se encontram sofás e puffs, mesa de snooker e livros, jogos e plantas. Todo um mundo criado pronto a ajudar a fazer amigos e complementado com cozinha comunitária e grandes mesas.

O hostel nasceu, numa área que era usada para exposições e após um restauro da estação, graças a João Teixeira e à sua equipa, depois de terem criado o Alfama Patio e antes de meterem mãos à obra para desenvolverem o outro hostel ferroviário de Lisboa, no Cais do Sodré. Ambos os hostels acabaram de entrar para o top 10 dos melhores hostels do mundo (categoria média dimensão, no megaportal de reservas Hostelworld). Bem nos dizia João Teixeira, na altura da abertura, que o seu objectivo passava por “elevar o patamar do hostel low cost”. A nossa noite de sono na estação do Rossio correu às mil maravilhas, com esse extra que foi sentirmo-nos parte do hostel com, provavelmente, a mais bela fachada do mundo. L.J.S.

Lisbon Destination Hostel. Piso superior da Estação de Caminhos de Ferro do Rossio. 1200-160 Lisboa. Tel.: 213466457/918447935. destinationhostels.com
Preços: a partir de 15/20 euros (várias tipologias)


Lisboa: E o hostel da estação do Cais do Sodré

Primeiro foram os sonhos do Rossio, depois o comboio da “hostelaria”, graças aos mesmos responsáveis, chegou à estação do Cais do Sodré, onde vive agora sob o baptismo de Sunset Destination. O hostel fica no piso superior da octogenária estação, ocupando uma lateral e diversos espaços que percorrem a estação e nos deixam admirar de cima o antigo átrio principal, um esplendor Art Déco. Fazendo uso de vários detalhes e objectos ligados às viagens para decorar-se sob o espírito do turismo, o Sunset mescla mobiliário vintage e contemporâneo com chamativos elementos de design, criados para o local (como a grande e orgânica mesa de madeira da cozinha comunitária onde também se serve o pequeno-almoço, incluindo as obrigatórias panquecas acabadinhas de fazer). De antigos gabinetes administrativos da estação fizeram-se quartos e dormitórios (partilhados por quatro ou seis pessoas mas também só duplos ou triplos, com ou sem WC), ocupados agora com originais beliches que parecem casas-gruta.

Mas, apesar da esmerada arte da hotelaria, o destaque maior deste hostel ferroviário vai todo para o topo da estação, onde foi desenvolvido um terraço repleto de atracções. Como se não chegassem as boas vistas para o Tejo ali à mão de semear, há um jardim e horta (em mesas com terra, e onde se plantam desde manjericão a hortelã, podendo os hóspedes contribuir na “agricultura”), bar artilhado de cocktails, uma pequena piscina rodeada de relva artificial e uma plataforma com colmos — a praia possível, aperitivo para a linha de praias que começa à distância de umas paragens de comboio. Além de propor uma série de programas e actividades pela cidade e arredores, é aqui no topo da estação que muita da vida do hostel (e muita festa) acontece. Mesmo com os frios mais invernosos que se têm sentido: é que a novidade da temporada é uma enorme tenda — uma espécie de cúpula inaugurada há poucos dias — que assegura protecção e calor aos hóspedes. L.J.S.

Sunset Destination Hostel, Praça do Duque de Terceira. Estação do Cais do Sodré, 1.º andar. 1200-161 Lisboa. Tel.: 210997735/913391800. destinationhostels.com
Preços: a partir de 15/20 euros (várias tipologias)

Marvão: Train Spot Guesthouse

“Quando vinha ter com os meus avós, vinha de comboio e descia aqui na estação”, recorda Lina da Paz que, com o marido, Eduardo, gere a guesthouse que ocupa desde 2013 o edifício do antigo restaurante da estação fronteiriça de Marvão-Beirã. O avô, que ali trabalhava como servente primeiro, morava no outro lado da linha, ao lado da igreja, onde hoje existem apenas canaviais. A ideia de deixarem Lisboa e irem viver para “um sítio de campo” tornou-se resolução quando souberam que o Ramal de Cáceres ia ser inactivado: à ligação familiar e paixão pela zona juntou-se a “abertura da Refer no sentido de transformar” a estação “num alojamento turístico”. Em Agosto de 2012 passava ali o último Lusitânia Comboio Hotel (que actualmente faz a tradicional ligação nocturna entre Madrid e Lisboa na Linha da Beira Alta). Depois de um ano de obras de recuperação, a Train Spot Guesthouse abria a hóspedes.

O objectivo, conta o casal, é que “as pessoas venham realmente dormir numa estação de comboios, com tudo o que isso implica num edifício centenário” e, por isso, mantiveram “o máximo de originalidade do espaço”. A antiga ala principal do restaurante, hoje sala de convívio e de refeições, ainda tem o tecto de madeira, o chão quadriculado e os azulejos de desenho geométrico verde e branco, a enorme lareira branca ou a inscrição “lavabos” sobre a zona de acesso ao primeiro andar, onde ficam os quartos, dispostos também na divisão original: quatro com WC privado, três com casa de banho partilhada. Além dos quartos, a guesthouse integra ainda dois antigos apartamentos dos funcionários da estação, a escassos metros de distância.

A decoração — “muito leve porque a casa em si já tem muitos elementos” — transmite o conceito que aqui querem aplicar: unir “o espírito ferroviário” com “o ambiente rural e com a cultura tradicional e popular de cá, que ainda é muito genuína”, contando ainda, em pormenores aqui e ali, a história da centenária estação, “onde muita coisa aconteceu”. “Se as nossas paredes falassem, com certeza que nos entreteriam muitas horas”, garantem, contando histórias de conspirações anti-regime e reuniões de espiões, do contrabando “para onde se tinha de virar a população no Inverno”, da passagem de judeus em fuga durante a II Guerra Mundial e da saída, em direcção contrária, de “muito volfrâmio para a Alemanha nazi”.

Foi durante o Estado Novo que nasceu o restaurante e a nova estação, saída das linhas arquitectónicas de Raul Lino e com painéis de azulejos de Jorge Colaço, durante as obras de expansão daquela que era a última paragem portuguesa antes da fronteira com Espanha e, por isso, importante posto fronteiriço e aduaneiro, como deixam antever as inscrições sobre as portas do edifício principal (para já encerrado a visitas ao interior). “A estação foi o que fez crescer a vila. Todos aqui trabalhavam, directa ou indirectamente”, contam. Agora, o casal quer trazer de novo os viajantes à estação de Marvão-Beirã. Mas também a população local, através de uma forte componente cultural aberta a todos. “Queremos mostrar que não é uma estação fantasma. Tem vida e outros apelativos.” Mara Gonçalves

Train Spot Guesthouse. Estação ferroviária de Beirã/Marvão - Largo da Alfândega. 7330-012 Beirã. Tel.: 245 992 112 ou 963 340 221 (Gestão e Reservas). www.trainspot.pt
Preços: quarto duplo com WC partilhado desde 40€, noite em quarto duplo com casa de banho privativa desde 55€ e apartamento a partir de 70€ (época baixa).

SinesRestaurante Cais da Estação

O trajecto da antiga linha de caminho-de-ferro continua a guiar-nos até à velha estação ferroviária de Sines, mas o caminho faz-se agora a pé, pelo passadiço delimitado por carris que serpenteia a verdejante Alameda da Paz. Desde meados dos anos 1990 que os comboios não chegam à malha urbana da cidade, com o encerramento do ramal que desembocava em Sines desde 1936. Um passado que ainda vive no esqueleto dos edifícios restaurados e nos pormenores ferroviários deixados ao longo do novo parque, mas a zona foi requalificada e modernizada, tudo ganhou novas funções. As linhas por onde corriam os comboios deram lugar ao jardim; a antiga estação, projectada por Ernesto Korrodi, alberga agora a Escola das Artes do Alentejo Litoral; e o velho armazém de mercadorias, designado “Cais Coberto” e depois “Cais da Estação”, é desde 2009 um restaurante, que manteve o nome e a estrutura arquitectónica industrial das antigas funções.

À entrada, o telhado alto continua a nascer em bico sobre a porta, descendo num V invertido para além das paredes laterais, enquanto os portões deslizantes de metal e o tecto interior em blocos de madeira foram replicados dos originais. Depois de três anos de obras, quase todas as velhas paredes continuaram de pé — num dos cantos junto à escadaria de acesso à adega até foi deixado “o interior da parede à mostra, para que seja apreciado”.

“O interesse sempre foi manter o máximo” do que existia anteriormente, conta Inês Oliveira, até porque a possibilidade de “dar uma nova vida a um espaço que fez parte da história da cidade” foi precisamente o que “seduziu” o pai, Isménio, a instalar ali o segundo restaurante-marisqueira, depois do Marquês, em Porto Covo. Desde então, pai e filha gerem o novo espaço em Sines, composto por quatro alas de refeições, de decoração rústica e tons neutros. Além da sala principal e de um mezanino, que ocupam a área original, foi construída uma cave (onde o tecto abobadado de tijolo artesanal guarda a sala para grupos e a garrafeira) e, na parede virada para o jardim, o alpendre envidraçado oferece uma esplanada coberta, ideal para “aproveitar o pôr do sol”.

As mercadorias foram substituídas por gastronomia de influência regional: o marisco guardado num aquário, as entradas e petiscos expostos numa larga vitrine, “desde a casquinha de sapateira e dos pimentos recheados com atum à vieira gratinada”. A ementa compõe-se, depois, de pratos de carne (destaque para “o bife recheado com presunto com molho de passas e castanhas e o naco da vazia ou presa de porco preto com migas de brócolos”) e de peixe (onde a especialidade é “o arroz de lingueirão com choco frito”). M.G.

Cais da Estação. Av. General Humberto Delgado, nº 16. 7520-104 Sines. Tel.: 269 636 271 ou 965 332 764. www.caisdaestacao.com
Horário: das 12h às 15h e das 19h às 22h30 (encerrado à segunda-feira)

Cabeço de Vide: Estalagem Rainha D. Leonor

É de simplicidade e simpatia do interior do Alto Alentejo, coroado com muita gastronomia regional e natureza, que se faz a unidade de turismo rural instalada na antiga estação de Cabeço de Vide-Vaiamonte, a cerca de um quilómetro da primeira localidade (e 8km da segunda).

O edifício principal da estação — encerrada em 1990 com o restante Ramal de Portalegre — é a estrela arquitectónica do modesto complexo, num estilo marcadamente português, com granito a debruar rodapés, janelas, portas, beirais e colunatas, intervalando com painéis de azulejos, pintados por Leopoldo Battistini em 1933. Ali ainda discorrem, pintadas em tons de azul, algumas actividades das lides do campo, desde o pastoreio de ovelhas e porcos à sementeira e à ceifa, mas 60% dos azulejos, que adornavam interior e exterior, já não existem, danificados ou furtados antes do processo de recuperação da estação, que em 2005 abriu como estalagem.

No total, há cinco quartos (três duplos e dois singles) que, com duas salas de apoio, ocupam o edifício principal, e 12 apartamentos, com cozinha semi-equipada, quarto e casa-de-banho, onde antigamente moravam os trabalhadores do caminho-de-ferro. A oferta da unidade hoteleira completa-se com uma piscina, um jardim, uma tenda para eventos e um restaurante, localizado no antigo armazém de mercadorias, que acaba por ser a força motriz da estalagem e onde está verdadeiramente o coração de Ana Leitão, que gere a unidade com a família desde Fevereiro de 2014. “Temos um restaurante em Caia há mais de 40 anos, que era do meu pai, e uma salsicharia tradicional”, conta, revelando “adorar a restauração”.

Há um ano surgiu o convite do presidente da autarquia para gerirem a estalagem. “Foi um desafio bem-vindo”, afirma, aceite a pensar especialmente no filho, que nesse ano terminava o curso de Gestão Hoteleira. O investimento, contudo, confessa que tem “ido a pouco e pouco”, pois a situação económica não convida a grandes riscos. A aposta recai, por isso, sobretudo no restaurante, aberto todos os dias (almoços e jantares a partir de Março, até lá apenas ao almoço ou sob reserva antecipada). As especialidades, avança, passam principalmente pela gastronomia regional, incluindo grelhados de porco preto, cabrito assado, sopa de cachola, migas, pezinhos de coentrada ou sopa de cação. Só uma foge ao Alentejo: bacalhau com natas e espinafres. M.G.

Estalagem Rainha D. Leonor. Sítio da Estação. 7460-023 Cabeço de Vide. Tel.: 961 084 748. www.grupoleitao.com
Preços: a estadia custa 15€ por pessoa na época baixa e 20€ na época alta

Castelo de Vide: Pensão Destino

No final deste mês vai nascer uma nova unidade de turismo rural na antiga estação de Castelo de Vide, a cerca de quatro quilómetros da vila. A ideia, conta Ana Patrício, é “recriar ali a atmosfera de uma pensão portuguesa tradicional, sem esquecer as necessidades modernas de conforto”. O edifício principal — construído no final do século XIX, segundo a estética tradicional da Casa Portuguesa — passará a albergar quatro suites e dois quartos duplos com casa de banho exterior, assim como a sala de jantar e a cozinha.

Na decoração, a aposta passa por reavivar a memória ferroviária, com algumas peças “que remetam para o universo dos comboios e das viagens”, complementado por móveis antigos, restaurados pela família e que “podem ser todos comprados pelos hóspedes”, lavando constantemente a cara ao espaço. São parte de um trabalho que Ana foi desenvolvendo com o pai e que define como “móveis-fantasma”: “Renascem quando os antigos donos já não os querem, desaparecem quando são vendidos e, em caso de dúvida, ficam sempre bem pintados de branco”, como os espectros que povoam o nosso imaginário.

Depois, a estadia promete ser vivida lá fora, numa forte ligação com “o campo, a natureza e a região”, onde o edifício em tons de branco, amarelo e azul, com azulejos de Jorge Colaço, concorre com o colorido do terraço, dos carris e do jardim. “Foi uma alegria encontrar roseiras e glicínias”, conta, garantindo “manter os jardins” que, testemunha um ornamentado azulejo, já ficaram em terceiro lugar no Concurso das Estações Floridas, em 1948. Além disso, a unidade terá ainda um guia de observação de aves na região, bilingue e com versão online, criado por uns amigos aficionados pela temática e que incluirá “ilustrações, indicações práticas acerca das espécies e referências aos locais onde melhor podem ser observadas”.

A Pensão Destino — assim apelidada porque, defende, “todas as estações, e todas as vidas, são destinos” — integra ainda “um projecto mais abrangente”, que tem como objectivo “contribuir para apoiar as comunidades locais e promover um ambiente mais sustentável do ponto de vista ecológico”, através da oferta de produtos da região e organização de diversos tipos de actividades culturais. A casa pode ainda ser alugada por completo, para estadias curtas, celebrações, workshops e outros eventos.

“Já há muito tempo que tinha a ideia de criar um sítio simples, com uma escala modesta, confortável, onde as pessoas pudessem mesmo descansar”, revela Ana, que já trabalhou como produtora de teatro e arrendou apartamentos a turistas em Lisboa. “Foi quando percebi que gostava de tudo nesta área: a divulgação, o acolhimento das pessoas, as pequenas indicações que podem tornar uma viagem extraordinária”, conta. Há dois anos, depois de umas férias na região e da inactivação do Ramal de Cáceres, surgiu a ideia para o projecto, prestes a abrir portas. “Percebi que a estação era o lugar que eu procurava, que se adequava na perfeição à minha ideia, e, ainda por cima, desde a casa ao jardim e à paisagem, tudo aqui é maravilhoso”, defende. M.G.

Pensão Destino. Estação de comboios de Castelo de Vide. 7320-441 Castelo de Vide. Tel.: 966 852 131. pensaodestino.blogspot.pt
Preços: quarto duplo com WC externo a 35€ e suite a 40€ (50€ na época alta). Aluguer completo da casa a partir de 210€ por noite.

Mora: Museu Interactivo do Megalitismo 

Depois de vários avanços e recuos e diversas funções apontadas, as obras de recuperação da antiga estação de caminhos-de-ferro de Mora avançaram em Julho de 2014, para ali erguer um complexo cultural, estrelado pelo novo Museu Interactivo do Megalitismo. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Mora, Luís Simão, “a antiga imagem da estação vai continuar a manter-se”, através da conservação de “todo o traçado original” dos edifícios, embora com alvenaria reforçada e as modernidades necessárias. “É um património importantíssimo, que sempre esteve ligado à vila”, defende o autarca. “Estava degradado, mas são edifícios extremamente bonitos, que depois de recuperados vão criar uma imagem urbana extraordinária”, garante.

No final, o complexo será composto por quatro edifícios: o museu; o edifício cultural, com uma biblioteca, um espaço de acesso à Internet e os serviços de gestão; um espaço interactivo e educativo relacionado à temática do museu; e um bar de apoio.

O Museu do Megalitismo, o único erguido de raiz num espaço contíguo, com cerca de 400m2, promete ter “conteúdos que criem enorme surpresa”, através de uma grande aposta na interactividade. “Além da exposição de várias peças que foram encontradas no concelho, a ideia é criar uma relação com os visitantes, provocando, por exemplo, momentos de empatia com um holograma de um homem das cavernas”, revela Luís Simão. Além desta componente, indica a autarquia no site, o museu irá “recriar em 3D a área envolvente das escavações efectuadas no terreno pelos arqueólogos” e “todos os espaços terão vitrinas para exposição dos objectos mais emblemáticos, que nos reportam de há 5000 a 3000 anos a.C., painéis de explicação com textos e imagens e alguns equipamentos multimédia”.

O projecto — que foi iniciado em 2014, ano em que se assinalou o centenário do início das escavações arqueológicas em Mora — representa um investimento de 2,5 milhões de euros (85% financiado por fundos comunitários e o restante a cargo da autarquia) e deverá estar concluído “no último trimestre deste ano”.

O objectivo é “criar valências que possam fazer com que mais pessoas visitem o concelho”, avança o autarca, salientando que o novo espaço vai complementar a oferta gerada pelo Fluviário de Mora, principal atracção turística da vila. M.G.

Museu Interactivo do Megalitismo. Rua da Estação. 7490-225 Mora

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