O egiptólogo Luís Manuel Araújo, por exemplo, partirá nos passos de Eça de Queirós na viagem que o escritor fez pela Terra Santa quando representou Portugal na inauguração do canal do Suez em 1869. Já Anísio Franco, conservador no Museu Nacional de Arte Antiga, conduz a redescoberta de cidades como Paris, Amesterdão e Barcelona, cidade que será igualmente guiada pelo olhar da arquitecta Ana Maio.
“São viagens temáticas, acompanhadas por um especialista no tema para o qual a viagem está direccionada e com um carácter mais científico”, resume Teresa Neves, representante comercial da Pinto Lopes Viagens em Lisboa. A ideia nasceu por “sugestão de vários clientes”, conta a responsável, numa filosofia semelhante às Viagens de Autor que a agência organiza desde 2012, guiadas por personalidades como Gonçalo Cadilhe ou José Luís Peixoto e, a partir deste ano, também José Rodrigues dos Santos e os chefes Hélio Loureiro e Henrique Sá Pessoa.
O resultado destas novas “Viagens com Arte e História” são 14 périplos ao longo de 2015, não só na redescoberta de algumas cidades europeias mas também de destinos como Índia, Sudão ou Istambul, e guiadas por sete peritos: a arquitecta Ana Maio, o arqueólogo Álvaro Figueiredo, os historiadores Anísio Franco, Luís Filipe Thomaz e Ricardo Presumido, a escritora Esther Mucznik e o egiptólogo Luís Manuel Araújo.
Álvaro Figueiredo – que a 4 de Março deu início ao ciclo de conferências que acompanhará o novo projecto – será o guia pela Argélia e pelo Sudão, dois destinos que entram pela primeira vez no mapa-mundo da agência portuguesa e que já estão “quase esgotados”.
No primeiro, a viagem faz-se “sobretudo pelas antigas cidades romanas, como Djémila e Timgab, que como foram abandonadas no século VII e nunca mais foram habitadas estão extremamente bem preservadas”.
Já no Sudão, o grupo partirá “em busca das pirâmides e templos dos faraós”, do Soleb ao templo de Jebel Barkal, das “pirâmides do antigo reino de Meroe” aos “grandes templos construídos pelos faraós do império novo na núbia sudanesa”, enumera o arqueólogo.
No ano em que se assinalam 70 anos após o final da Segunda Guerra Mundial, também uma das viagens decorrerá “pelas memórias do Holocausto e pela compreensão da vivência das comunidades judaicas antes, durante e após a grande guerra”. O guia será o historiador Ricardo Presumido, vice-presidente da Associação Memória e Ensino do Holocausto (também a presidente, Esther Mucznik, conduz uma viagem pelos passos de Grácia Nasi em Istambul).
“O périplo inicia-se no bairro judaico de Cracóvia, em que iremos visitar as sinagogas e o Museu dos Judeus da Galícia, depois visitaremos os cemitérios judaicos em Tarnów e, a seguir, entraremos na espiral do processo do Holocausto, onde vamos visitar uma das fábricas de Oskar Schindler e o campo de Plaszów, seguindo os passos de Steven Spielberg [para a realização do filme A Lista de Schindler] e terminaremos no espaço máximo de representação da 'Solução Final', que é o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau”, relata o historiador. A viagem procurará ainda mostrar algumas iniciativas de recuperação da cultura judaica, como grupos de música klezmer, livrarias e espaços culturais que se dedicam exclusivamente à cultura judaica.
A última viagem, já a entrar em 2016, é conduzida por Luís Manuel Araújo, seguindo as Notas de Viagem que Eça escreveu sobre a viagem à Terra Santa, aquando da inauguração do Canal do Suez em 1869. “Vamos onde o Eça foi”, garante, desde o Cairo a Jerusalém, passando por cidades como Belém ou Jericó.
O novo conceito promete manter-se para 2016, estando para já confirmada uma viagem a Omã, guiada por Álvaro Figueiredo. As viagens têm um número máximo de participantes (30 pessoas na maioria das opções) e custam entre 1075 euros (Barcelona com Ana Maio) e 3625 euros (Sudão com Álvaro Figueiredo), exceptuando duas em território nacional (235 euros).
A Pinto Lopes Viagens foi lançada em 1974 no Porto, sendo especializada em viagens de grupo culturais e de autor.