Fugas - Viagens

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Mais irreal que as noites brancas

Por Rute Barbedo

Ninguém dá muito por Helsínquia, a menos cosmopolita capital escandinava, mas ela tem histórias para contar. No Paralelo 60 N, os terrestres passeiam como pinguins, suam juntos e nus na sauna e procuram energia nas lâmpadas de bares excêntricos. No Verão, a roupa tira-se em nome da vitamina D.

Mikko havia-nos dito o inacreditável. Por isso, claro, ninguém acreditou. Mas à entrada do Siltanen, tudo se fazia verdade: ratos ao balcão, macacos a dançar trip hop, fadas a brindar com cerveja. É um sábado à noite normal em Helsínquia. O Carnaval já lá vai e os bailes de máscaras também. “O fim-de-semana é para se viver ao máximo”, explica Mikko ao terceiro copo de vodka, já depois de algum vinho, e ainda impecável.

O que se passa esta noite no Siltanen – o bar do momento, entre os bairros de Kallio e Hakaniemi – será uma despedida de solteiro ou a celebração de um Inverno acabado. A neve derreteu, tudo o que é verde cresce à velocidade de mísseis, os parques tornaram a ter água, os pássaros regressaram do Sul. Mas se o gelo ainda durasse engrenado pelo vento do Báltico, o cenário não seria muito diferente neste bar de luzes baixas. “No Inverno precisamos ainda mais de divertir-nos, mexer-nos” para contrariar a velocidade melancólica dos dias, afirma Mikko, de 23 anos, estudante, viajante, boémio.

Como suportam a escuridão? “Não suportamos. Suicidamo-nos ou passamos férias nos países do Sul. Aqui temos posses para fazer isso: tirar três meses de férias”, contrapõe a amiga Inna, sem rodeios. Fora isso, ter neve faz uma diferença enorme. “Os invernos tornam-se bonitos e a escuridão não é assim tanta… Mas com as alterações climáticas, tem sido comum, especialmente no Sul do país, não termos um Inverno como deve ser. Como giro isso? Como mais fruta, bebo chocolate quente. No ano passado, passei seis semanas em Espanha. Este ano, tenho de adaptar-me”, descreve Juha Mäkinen, jornalista.

São três de manhã e o Siltanen bateu no auge. Tanto pela hora como pelas luzes turvas, tons de madeira e veludos, este é o melhor enquadramento para conhecer finlandeses. De forma simplista e preconceituosa, diremos que é mais fácil comunicar com eles se: 1 – formos desconhecidos; 2 – formos estrangeiros; 3 – eles estiverem bêbedos. “Precisamos do álcool para socializar”, admite Inna. “Não sabemos fazê-lo de outra maneira.” Como na curta-metragem de Aki Kaurismäki, em “Cada um o seu cinema”, é comum chegar-se a casa ziguezagueante, como é certo os domingos de Helsínquia serem desertos, de mãos pousadas sobre a mesa da cozinha e a cabeça a ressacar tudo para que não se manobrem réstias de enjoo à segunda-feira.

A Primavera já começou e a temperatura máxima ronda os 8° C. A mínima anda a namorar o zero. Mas os dias são longos (se o Siltanen não nos mantiver “cativos” até às seis da manhã), comparativamente às cinco horas de luz de Dezembro, e aos 46 minutos de luz da Lapónia, sendo radicais. Vamos, então, subir na roda gigante e raspar na montanha russa de Linnanmäki, o grande parque de diversões que maravilha os gulosos do algodão-doce desde 1950. E só porque está sol e há patos de plástico para pescar, as famílias de Helsínquia estão numa excitação danada. Segui-las-emos até ao Parque Nacional de Nuuksio, às portas da cidade ocupada em 33% por áreas verdes. Estaremos em minutos na floresta densa, entre lagos e passadiços de madeira, patos e canas submersas. E aí ficaremos a olhá-los, continuamente.

Ainda antes, talvez cruzemos o bairro de Arabia, de edifícios espelhados, praças vazias e amplas, telhados oblíquos, céus que se prolongam azuis no vidro recto, aberto, pós-industrial. São tantos os reflexos e transparências que é ver a dobrar sem ter bebido um único trago de Ström, o néctar-vodka extraído de batatas finlandesas.  É este o gabinete-musa de criativos, artistas, designers. Todo ele a céu aberto. A herança foi deixada pelos suecos, que aqui instalaram a fábrica de porcelana Rörstrand, no século XIX, que ainda hoje funciona – sob o nome de Fiskars – e está aberta a visitantes. Ao lado, ficam as melhores lojas de design de Helsínquia e a Universidade de Arte e Design de Aalto; e em baixo cruzamos Majstranden, a costa, ah!, a costa.

 

“Trendyficação”

Mas a zona – historicamente operária – de Kallio é que está a dar, assegura a juventude, ainda que com algum receio de que esteja “a dar demasiado”. “Os bares de cerveja barata, as cantinas dos trabalhadores e outros estabelecimentos menos trendy estão a desaparecer e a ser substituídos por cafés, boutiques, restaurantes, escritórios… Com isso, os preços [da habitação] têm subido”, descreve Anna Sinkkonen, de 38 anos, tradutora freelance e professora de Inglês.

A gentrificação chegou à capital finlandesa e com ela a necessidade de construir mais lugares para morar à margem das zonas centrais. Como relata Juha – deslocada de Jyväskylä, a viver em Helsínquia há seis anos –, “estão inclusive a planear construir em áreas naturais selvagens”. “A população está a crescer, é certo, mas se viver aqui é caro, vai tornar-se ainda mais.”

         Por enquanto, não podemos preocupar-nos com isso. De passeio, os dedos treinam-se na tarte de arenque para a boca se lambuzar numa outra: a de mirtilos. Estamos à mesa do Taikalamppu, a brincar com as franjas de uma toalha ao estilo dos anos 1920. O ambiente tem tanto de avó quanto de kitsch. Ninguém parece concordar mas insistimos: em Helsínquia, o limite entre o bom gosto e o pindérico é ultrapassado umas quantas vezes. “Não. Somos profissionais do design”, protesta Inna. “Há coisas à moda antiga, sim. Como os bares de cerveja junto ao porto ou os pubs onde já não vai ninguém da nossa geração. São frequentados pelos mais velhos, porque nós vimos sobretudo para Kallio ou para Hakaniemi, zonas mais alternativas, criativas, onde a liberdade gerou espaços de cultura e cafés como este: com tartes caseiras e louças vintage que reflectem um olhar moderno”, estende a conversa. Inna tem uma certa razão, mas as toalhas continuam a ter franjas.

É também em Kallio que se encontram as últimas saunas públicas da cidade (a sauna é praticamente considerada um bem primário na cultura finlandesa, pelo que muitas famílias têm-nas em casa). Por sete a doze euros pela entrada, o tempo e a resistência aos mais de 90° C são por conta de cada corpo. “Arla Sauna”, indica a sinalética, e mal chegamos é hora de contar. Um, dois, três: todos nus. Quatro, cinco, seis: suemos. Lá fora, não há neve nem lagos gelados para o choque térmico. “Deve utilizar os chuveiros de água fria”, aconselha a funcionária. Aquiescemos. E já entre vapores, encadeiam-se as deixas aleatórias em inglês: “Chegaram a nascer bebés nesta sauna”, lança uma mulher na casa dos 50 anos, enquanto passa mel sobre o corpo; “eram os lugares mais esterilizados que tínhamos”, adiciona outra.

A Arla Sauna é aquecida a gás natural – uma sauna urbano-contemporânea, portanto, talvez mesmo “trendyficada”. Mas o método tradicional implica um sistema alimentado a madeira – em abundância no país –, que, no seu melhor, aquece a chamada “sauna de fumo”. Aí, tudo é um ritual, como se de repente colocássemos o corpo num antepassado e aproveitássemos para espicaçá-lo com ramos de bétula. (Onde mais no mundo teremos oportunidade de fazer isto na ausência de olhares intrusivos?) A preparação, entre a queimada da madeira e o escape da maior parte do fumo para o exterior, pode demorar cinco horas. “Isso, sim, é uma sauna a sério”, garante um dos homens da sala.

Aqui, onde nos sentamos enquanto as nuvens de vapor salvam de alguma vergonha, já vamos em três horas. As histórias enrolam na concha que leva a água às rochas quentes. 97° C. Respirar já não é o gesto mais natural do corpo. Há quem beba uma cerveja às escondidas. “Com o calor, isto sobe bem à cabeça”, brinca o homem de meia-idade com a toalha branca ao ombro. “Na sauna discute-se política?”, perguntamos. “Naaaa… É, definitivamente, um local para esquecer isso. É um lugar de desintoxicação.”

 

Ecológico, biológico, social

Que os finlandeses, como a generalidade dos nórdicos, têm a natureza entranhada nos dias é do conhecimento geral. Mas a atenção sobre a temática está a tornar-se cada vez mais política, observa Anna Sinkkonen, que recentemente começou a envolver-se mais na vida social e cívica. A necessidade de acção, acredita, tem sido sentida por muitos “helsinkers” da sua geração, porque “a política do actual Governo é tão neoliberal – aliás, desde a recessão dos anos 1990, que o Estado social nórdico está a desmantelar-se – que é preciso construir uma nova frente [política], de modo a salvar o nosso sistema de segurança social”, considera a tradutora. E a amiga, Juha, acrescenta: “Crescemos com a ideia de que ‘nascer na Finlândia é como ganhar na lotaria’, porque é uma sociedade igualitária, onde todos têm direito a bons serviços públicos. Mas recentemente a distância entre pobres e ricos tem crescido e o Governo tem tomado decisões preocupantes.”

 “Austeridade” e “privatização” são palavras também ouvidas nos extremos setentrionais, e os finlandeses não querem perder o modelo socialista que já foi considerado um dos avançados do mundo. Por isso, estão a emergir movimentos populares, urbanos, culturais e sociais, e “são frequentes os eventos focados em estilos de vida ecológicos, o uso do espaço público, a transformação dos bairros em zonas com mais vida”.

O Dia do Restaurante, que surgiu em 2011, é um exemplo de como a comunidade tem sabido juntar-se. Criado espontaneamente por milhares de pessoas, é um “carnaval” de restaurantes pop-up que surge quatro vezes por ano (em Fevereiro, Maio, Agosto e Novembro) nas ruas, parques e casas de Helsínquia.

Anna fala com frenesim das novas dinâmicas da cidade, mas os passos são calmos pelo parque de Kaisaniemi, de onde emerge o branco Jardim botânico. Com a conversa cruzam-se coelhos selvagens – como, de resto, pela cidade inteira –; voam libelinhas. Saltamos para o eléctrico, em direcção ao mercado velho (que data de 1888) – Vanha Kauppahalli. Queremos afagar a fome com pães de brioche, compotas, frutos silvestres, cogumelos, sopa de peixe, salmão fumado, arenque fumado, pato fumado, sumos naturais feitos na hora, espécies de empadas, espargos a estalar de fresco, queijos com buracos de ver de um lado ao outro. Uma cerveja encorpada (e, sim, importada). A ver se aconchegamos o estômago para seguirmos viagem até à arte contemporânea do Kiasma e às rochas de Suomenlinna.

Sede de Báltico

Procuramos no mapa escancarado a melhor forma de chegar ao mar, ou melhor, a Suomenlinna, as ilhas que fazem brilhar os olhos dos habitantes de Helsínquia. O mapa permanece escancarado e nós sem vermos. “Precisam de ajuda?”, pergunta um homem de gabardine negra. É o terceiro a meter conversa assim que vê um mapa a desajeitar-se em relação ao território.

Suomenlinna é considerada Património Mundial pela UNESCO. Vai-se de ferry e, quem sabe?, não se volta. “É uma fortaleza, o lugar onde nós, os nórdicos, andámos a disputar o Mar Báltico”, explica o cavalheiro, para que mais tarde lêssemos que também lá ficam a Escola Naval e algumas galerias de arte.

Mas o sol não tarda a pôr-se. Há um eléctrico pelo meio, o barco depois. Deixemos para amanhã, que os pés precisam de deambular e os candeeiros já acordaram. Além disso, Juha havia-nos confessado que “há segredos mais bem escondidos que Suomenlinna, como a ilha de Vartiosaari ou a área protegida de Vanhankaupunginlahti. No Verão, o Blue Villa Café tem a melhor vista sobre a cidade, e o Café Regatta fica junto ao mar”, garante a jornalista.

Parecem querer fugir da cidade mas nós queremo-la connosco. Afinal, foi para isso que cá viemos. Na baixa, os edifícios são grandes, a começar pela catedral e a culminar nas bibliotecas. As cabeças voltam-se para cima e os queixos lá vão caindo. Kaisa-talo dá-nos a primeira grande “queixada”. Curvas e contracurvas, e um rasgão de janelas com pessoas que lêem lá dentro. É a biblioteca da universidade, onde iríamos encontrar Riitta Supperi, de 41 anos criados na cidade do vento.

Riitta é fotógrafa e está a conduzir um projecto documental em que explora a sua cidade buscando-a noutras pessoas. “Pedi a habitantes de Helsínquia que me mostrassem os seus lugares favoritos e fotografei-os lá”, explica. Da série de retratos sairão canais de água, florestas, chalés, casas de madeira, casas de vidro, casas de betão, bares com bolas de espelhos, ruas largas, becos históricos, o mar.

“Helsínquia é um lugar compacto”, resume Riita, exemplificando: “Eu raramente vou a um parque, como fazem os nova-iorquinos, por exemplo. Quando corro, não tenho de esperar muito para encontrar uma floresta densa. Em poucos minutos, chego a Töölönlahti, logo junto à água.” E não é Riita que corre rápido; é mesmo Helsínquia que ainda tem alma – e geografia – de cidade pequena. Também é compacta porque, “como a Finlândia é tão isolada e pouco populada [tem a terceira menor densidade populacional da Europa, atrás da Noruega e da Islândia], toda a cultura tende a focar-se num só lugar”, entende a fotógrafa. Esse lugar até poderia ser esta biblioteca, ou as restantes da cidade, sempre povoadas.

A viver Helsínquia em vez de lê-la, compramos um pulla na rua, o bolo que nos faz chegar cardamomo ao nariz. Apetece voltar a descer para sentir o mar em Kauppatori, a zona portuária. Se pudéssemos escrever o som da buzina de um navio, as letras ficariam aqui afogadas, a ocupar todas as páginas, nas três notas de despedida. Neste trecho do Báltico, não há lenços brancos nem viagens longas. Uma boa parte dos navegantes embarcam para a vizinha Talin, de maleta na mão. Ou porque são estónios e regressam a casa no fim da jornada, ou porque são finlandeses e vão à Estónia beber (mais em conta) e dançar em bares pós-soviéticos ou discotecas onde reina a mini-saia. Imagine-se, sem letras, o som da buzina, que o barco vai partir.

GUIA PRÁTICO

Como ir
A KLM, a Air France e a Lufthansa voam a partir de Lisboa com preços por volta dos 200 euros (ida e volta). Do Porto, as viagens rondam os 250 euros. Mas chegar a Helsínquia no ferry com origem de Talin é bem mais idílico.

Onde ficar
Scandic Park Helsinki – O edifício é portentoso e aumenta o calibre pela proximidade com a Baía de Töölö. A 600 metros do Finlandia Hall, obra do arquitecto Alvar Aalto, o Scandic Park é o hotel escandinavo por excelência, com a sauna (no último andar) e a piscina interior merecidas. Orgânico, ecológico e contemporâneo são palavras que lhe assentam como uma luva. Os preços começam nos 80 euros por pessoa, dependendo da época.

Citykoti Downtown Apartments – A cerca de um quilómetro da Estação Central de Helsínquia, este conjunto de apartamentos são uma alternativa simpática ao modelo de hotel. Muitos dos quartos têm janelas largas e há suites com sauna. As reservas devem ser feitas pelo menos com dois meses de antecedência e os preços rondam os 85 euros por noite, em quarto duplo.
www.citykoti.com

Cabanas, casas e paraísos de campo – Para quem se aventurar em conhecer mais Finlândia do que Helsínquia – até mesmo a Lapónia das auroras boreais –, existe um organismo que gere uma rede de casas e cabanas de madeira espalhadas pela floresta. As características variam muito, mas há alojamentos com sauna, lareiras, em aldeias piscatórias ou completamente isolados. Será o terreno ideal para aprender a apanhar frutos vermelhos e fumar salmão à maneira finlandesa.
www.suomi-holiday.fi

Na agenda

4 de Março a 4 de Setembro – O brasileiro Ernesto Neto vai ocupar o quinto piso do museu de arte contemporânea Kiasma com uma série de instalações que reflectem o seu pensamento artístico sobre as tradições e rituais da tribo Huni Kuin, particularmente na sua busca pela felicidade e harmonia. É a primeira exposição individual do artista na Finlândia.
www.kiasma.fi/en/calendar/ernesto-neto/

2 de Março e 6 de Abril – A cidade escolheu seis noites do ano (a primeira decorreu em Fevereiro e as próximas serão no Outono, em datas a divulgar) para manter abertas as portas de várias galerias de arte, como a Alaris, a Akvart ou a Cable Factory, o maior centro cultural do país. O evento Gallery Wednesday faz-se igualmente de performances, concertos, DJ sets e conversas com artistas.
www.galleriakeskiviikko.fi

22 a 24 de Abril – A primeira edição do Helsinki Coffee Festival não é surpreendente se soubermos que, para os finlandeses, beber oito cafés num dia é perfeitamente normal. Mas, calma, não estamos a falar do clássico expresso, mas sim de cafés alongados. Neste festival, experimentar e saber mais sobre café será a atitude predominante.
www.helsinkicoffeefestival.com

6 a 15 de Maio – O maior festival de Novo Circo dos países nórdicos tem lugar na capital finlandesa. O Cirko Festival é, ao mesmo tempo, uma celebração da Primavera.
www.cirko.fi/en

Maio, Agosto e Novembro (dias a anunciar) – O Dia do Restaurante tornou-se um festival gastronómico e bairrista que nenhum habitante ou visitante de Helsínquia quer perder, sendo que em Maio e Agosto, mais perto das noites brancas, o evento atinge a popularidade máxima. “É um carnaval gastronómico criado por milhares de pessoas que organizam ou visitam restaurantes de todo o mundo por um dia”, lê-se no website.
www.restaurantday.org/pt/

1 a 11 de Setembro – A Helsinki Design Week é um encontro de referência no panorama do design, não estivéssemos no país que o venera desde os anos de 1950. O festival estende-se às áreas da moda, cultura urbana e arquitectura.
www.helsinkidesignweek.com

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